RP - TESTAMENTO - PARTE 17

TESTAMENTO

PARTE XVII

Mônica está sentada num dos bancos da praça da matriz quando Cláudio chega. Ela entra no carro e ele segue para o segundo maior hotel da cidade, que fica um pouco mais afastado do centro, mais ou menos cinco quilômetros, quase perto da Rodovia.

Cláudio dirige sem dizer uma palavra e ela percebe e pergunta:

- Está zangado comigo?

- Não... Eu não tenho o direito de ficar zangado com você.

- Então o que foi? Por que você está tão quieto?

- Eu estou... anestesiado desde ontem. Tudo que está acontecendo é tão... inesperado, absurdo... surreal. Todo dia acontece alguma coisa que parece que a minha vida está dentro de um liquidificador. Eu nunca imaginei que o Miguel gostasse de você.

- Eu acho que você não deve ficar zangado com ele. Eu pensei muito essa noite. O Miguel foi meu melhor amigo desde que eu descobri que estava grávida. Ele não fez o que fez por mal. Não quis prejudicar a gente. Ele só... precipitou as coisas, tentando ajudar.

- Ele te beijou...

- Ele só fez o que está com vontade de fazer a muito tempo. Faz algum tempo que eu sei que ele gosta de mim, mas ele nunca me desrespeitou, mesmo sendo... meu médico. O que atrapalhou foi o papai ter aparecido no mesmo momento do beijo. A gente estava sozinho até então.

- Foi imprudência dele, Mônica. De qualquer jeito era perigoso. A recepção de um hospital é um lugar onde entram e saem pessoas o tempo todo, mesmo depois das dez da noite. Qualquer um que entrasse naquele momento comprometeria tudo. Sem falar na deslealdade dele.

- Ele não foi desleal. Eu não sou sua namorada.

- Mas é mãe do meu filho e ele sabe disso!

Ele para o carro no estacionamento do hotel, nervoso, mas não parece ter intenção de sair do veículo.

- A gente não vai entrar? - ela pergunta.

- Não, eu não quero discutir mais sobre isso. Em alguns dias você vai estar casada com ele. Nós temos muito pouco tempo. Eu não posso deixar que isso aconteça.

- Você vai mesmo deixar a Tânia?

- Eu já deixei, só não saí de casa ainda. Não durmo mais com ela, desde que ela voltou do hospital. A gente não tem mais diálogo. Ficar sob o mesmo teto com ela está cada dia mais insuportável. Eu preciso só conversar com meu pai e explicar pra ele tudo que está acontecendo. O Wagner volta de Londres em poucos dias e aí... eu quero sair de Casa Branca com você.

- Pra onde?

- Não sei... Quando a gente estiver fora da cidade, decidimos isso.

- Essa ideia não é um tanto... maluca? - ela pergunta sorrindo, colocando a mão sobre a dele.

Ele sorri também e segura a mão dela, beijando-a.

- É maluca, mas é o que eu quero fazer. É o que a gente vai fazer.

Mônica segura a mão dele e respira fundo. Seus olhos se enchem de água. Cláudio olha para ela, estranhando aquele silêncio.

- O que foi?

- Você tem ideia... do que você está fazendo... com a sua vida?

- Acho que é meio tarde pra pensar nisso.

- Não, não é. Se eu me casar com o Miguel... eu saio da sua vida de vez...

- Do que você está falando?

- Eu me caso, vou pra Europa, meu pai fica satisfeito, minha família também... e a sua nem vai sentir o que você pensou em fazer. Largar sua carreira. Jogar fora tudo que você conseguiu até agora por...

Cláudio a puxa para perto dele e a beija para evitar que ela continue, depois a abraça forte.

- Não fala mais nada, por favor.

- Eu não vou ser responsável por isso, ela diz chorando mais ainda, escondendo o rosto no peito dele.

- Você não é responsável por nada. O que está acontecendo é culpa de muita gente, mas não sua. Eu penso nisso todo dia. Não é você quem tem que carregar esse peso. Você não pode ser culpada... por eu te amar.

Ele a faz olhar para ele, chorando também, e segura seu rosto entre as mãos.

- Não me peça pra prometer ficar longe de você de novo, Mônica. Agora não somos só nós dois. Pense no nosso filho... Você desistiria de nós agora?

Ela segura as mãos dele e as retira de seu rosto. Abre a bolsa, pega de dentro dela o desenho que Alberto fez e entrega a ele.

- O que é isso?

- O Alberto me pediu pra te entregar.

Cláudio desdobra o papel e olha para o desenho. Sorri entre as lágrimas e pergunta:

- Foi ele quem fez?

- Foi. Ele disse... que desenhou nós três juntos pra nunca mais nos separarmos.

Cláudio enxuga o rosto.

- Você não respondeu à minha pergunta.

- Eu quero ir com você... pra onde você quiser me levar.

Ele a beija ternamente, aliviado com aquela resposta.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 17

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/03/2018
Reeditado em 08/12/2018
Código do texto: T6276485
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