RP - TESTAMENTO - PARTE 15

TESTAMENTO

PARTE XV

Cláudio chega em casa às onze horas, pedindo a Deus que Tânia já esteja dormindo. A casa está às escuras. Ele entra, coloca as chaves do carro na estante, vai até a cozinha tomar um copo com água e quando volta a sala, vê Tânia de pé ao pé da escada.

- Boa noite, ele cumprimenta.

- A gente ia jantar na minha mãe. Você não foi. Por quê?

Ele coloca a mão na cabeça e a desliza pelos cabelos, se lembrando do fato.

- Eu esqueci totalmente. Eu tive muita coisa pra fazer, inclusive com seu tio no Santa Mônica...

- Você sempre tem muito que fazer em todo lugar. Eu devia estar acostumada com isso, mas não consigo.

- Amanhã, eu peço desculpas pra Bárbara e ligo pro Jorge. Eu tenho certeza de que eu não fiz tanta falta assim.

- Fez sim. Você já soube da novidade?

- Que novidade?

- Que seu irmão não é mais o responsável pela vergonha que a minha priminha causou à minha família. Tio Jairo descobriu o verdadeiro culpado.

Cláudio olha para ela, respira fundo e, com uma calma forçada, pergunta:

- É mesmo? E quem é?

- Pela sua reação, você já sabe que não é você. E deve saber também que é o seu amigo doutor Miguel.

Cláudio fica em silêncio e tenta se conter. Ela se aproxima dele, sorrindo.

- Eles vão se casar em menos de uma semana. Tio Jairo vai até pagar pra agilizar as coisas no cartório. Você vai deixar?

- O Miguel sempre foi meu amigo e... eu não duvido que ele será um bom marido pra ela. Fico feliz que doutor Jairo tenha descoberto tudo.

- Você sabe que ele não descobriu nada. A Mônica está cada vez pior. O tio Jairo flagrou os dois se beijando na recepção do hospital. Isso não te surpreende?

Cláudio não responde. Sente a raiva fervendo no sangue pelas duas situações. Por Miguel e pela mulher. Passa por ela e vai para a escada, tencionando subir.

- Você não tem o que dizer? Minha vingança está ficando cada vez mais gostosa, doutor Cláudio. Você vai ficar sem a sua amada e sem o melhor amigo. Isso é música pros meus ouvidos. Eu queria que você estivesse no jantar ontem para ter essa reação.

Ele se volta e diz:

- Fico feliz por você. Aproveite, enquanto puder.

Ele sobe e entra no banheiro. Apoia-se na pia e olha para si mesmo no espelho. Fecha os olhos e visualiza Miguel beijando Mônica. Torna a abrir os olhos e abre a torneira, jogando água no rosto, começando a chorar. As lágrimas se misturam à água e quando ele pega a toalha de rosto e o enxuga, tudo se acalma.

Sai do banheiro e entra no quarto de hóspedes. Nem acende a luz. Tira a camisa e os sapatos e se joga na cama, de bruços, abraçando-se ao travesseiro. Fecha os olhos e tenta dormir.

No dia seguinte, Mônica sai bem cedo de casa, antes do pai e chega ao Hospital Santa Mônica primeiro para verificar a chegada de Alberto à creche do hospital.

Francisco deixa o filho no portão, como tem feito todos os dias e ela observa isso à distância. Depois, se aproxima do menino. Alberto sorri e corre para ela, abraçando-a.

- Bom dia, meu lindo! - ela diz, retribuindo seu abraço.

- Por que você fica de longe, vendo quando eu chego com meu pai?

- Porque eu não quero deixar ele nervoso. Mas eu estou gostando muito que a nossa ideia está dando certo. Você está gostando daqui?

- Estou.

- Está gostando da tia Camila, dos coleguinhas?

- Também. O tio Cláudio não veio com você?

- Não, ele trabalha na Santa Casa agora de manhã. Está com saudades dele?

Ele balança a cabeça confirmando.

- Pois ele sempre quer saber de tudo sobre você, todos os dias. E eu vou falar com ele hoje e vou dizer que você perguntou por ele, tá?

- Espera...

O menino tira a mochila das costas, abre o zíper e retira de dentro dela uma folha de papel dobrada em duas que entrega a ela.

- Você entrega isso pra ele?

- Posso ver?

- Pode.

Mônica abre a folha e vê um desenho onde Alberto desenhou três pessoas, um homem de branco e uma mulher de cabelos bem curtos com um menino segurando as mãos dos dois que pareceram Cláudio e ela ao lado dele num jardim florido.

- Que lindo, Alberto!

- Eu desenhei você, o tio Cláudio e eu. Pra gente não se separar nunca mais.

Ela lhe dá um beijo no rosto, emocionada.

- Eu agradeço por ele e por mim também. Eu adorei e ele vai adorar também. Vou entregar hoje mesmo.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 15

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/03/2018
Reeditado em 08/12/2018
Código do texto: T6276482
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