RP-UM SONHO POSSÍVEL-PARTE 4

UM SONHO POSSÍVEL

PARTE IV

A perda do neto atingiu a Leonardo Valle e a Jorge Telles de maneiras bem diferentes.

Leonardo é homem rude, acostumado a lidar com trabalho pesado e grosseiro. Muitas vezes presenciou mortes de seus empregados por motivos diversos, seja no trabalho ou por doença. Além de tudo isso, é homem religioso, ligado à vontade de Deus e ciente dela. Confia que todas as coisas que o homem consegue, dependem de uma forma ou de outra da providência divina. O neto seria uma alegria sim e ele sonhava com isso desde o casamento do primeiro filho tão amado, mas, se não foi da vontade de Deus que ele viesse agora, ele iria aceitar e esperar. Sufocou a tristeza e resignou-se.

Jorge por sua vez, desesperou-se. Foi com muito custo que Bárbara conseguiu acalmá-lo. Ao saber do acontecido, esqueceu-se da grande amizade que o ligava a Cláudio e culpou-o imediatamente por tudo.

Deixou tudo que tinha que fazer no jornal e foi ao hospital. Miguel foi avisado de que ele estava no local querendo ver a filha e o recebeu.

- Ela está dormindo agora, Jorge...

- Eu quero vê-la! Você não vai me impedir, Miguel.

- Claro que não, mas... tenha calma por favor. Se você for vê-la alterado como está...

Jorge passa por ele e Miguel não consegue dizer mais nada. Já no quarto, ele se aproxima do lado da cama, segura a mão da filha e chora. Beija o rosto de Tânia várias vezes e acaricia seus cabelos. Com muito custo, Miguel consegue convencê-lo de que ela precisa ainda de descanso e ele sai do quarto, do hospital e não volta mais ao jornal, vai para casa, mas não sem antes fazer Bárbara prometer que não sairia do lado da filha por nada.

- Me desculpa, Miguel, Bárbara diz, depois que ele vai embora. – Eu não pensei que ele fosse ficar desse jeito.

- Tudo bem, Bárbara. Cada pessoa reage de uma forma diferente diante da perda. Fique com ela pelo tempo que precisar.

- Eu agradeço.

Às seis horas, Cláudio chega ao hospital e fica sabendo de tudo. Os dois médicos estão juntos no consultório de Miguel.

- Eu nunca vi o Jorge alterado daquela forma.

- Quem está com a Tânia agora?

- A mãe.

Cláudio se senta numa cadeira diante da mesa e apoia o rosto nas mãos, desolado.

- Eu queria poder sumir...

- E na fazenda? Como foram as coisas? E teu pai?

- Reagiu bem, pelo menos na minha frente. Não fez drama. Não é costume dele. E eu confio na minha madrasta pra ajudá-lo.

- O que você vai fazer agora?

- Nada. Quando eu levar Tânia pra casa, a vida continua. O inferno continua. Quem poderia me tirar dele, não quer se arriscar. E eu não vou quebrar a cara por nada. Enquanto eu puder fazer alguma coisa pra ficar com a minha família, eu vou fazer.

Alguém bate à porta.

- Entra, Miguel diz.

Mônica entra. Ela se surpreende ao ver Cláudio ali. Seus olhos estão tristes.

- Miguel, minha tia quer falar com você.

- Eu já vou, obrigado.

Miguel sai da sala. Ela vai sair atrás dele, mas Cláudio pede.

- Espera.

Ela fica e para ainda perto da porta, sem olhar para ele.

- Eu não quero mais discutir com você, Cláudio...

- Eu sei, nem eu quero discutir com você. Não se discute com uma criança, por dois motivos: ou a criança tem mais argumentos que a gente, ou é só uma criança disposta a brincar de gente grande.

Os olhos dela cintilam.

- Cuidado quando for brincar com esse brinquedo que você está carregando. Principalmente se for brincar sozinha. É um brinquedo delicado demais... e é meu filho. Não se esqueça disso.

Ele passa por ela e sai. Mônica fecha a porta e vai se apoiar na mesa, chorando.

RETORNO AO PARAÍSO – UM SONHO POSSÍVEL

PARTE 4

OBRIGADA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 27/02/2018
Código do texto: T6265465
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