RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 40

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE XL

O orfanato Saint Laurent fica numa rua estreita no bairro de East End. Tem em toda a sua volta um muro alto de dois metros de altura. Ocupa meio quarteirão e possui três grandes portões de ferro.

Os rapazes descem da caminhonete e Wagner fica um tanto deprimido com o aspecto triste do prédio cinzento e frio. Nada parecido com o orfanato do desterro, cheio de cartazes coloridos e flores em um jardim bem na frente.

- Ao trabalho, pessoal! Quando mais cedo a gente começar, mais cedo a gente sai daqui. O que foi, Wagner? Nunca viu um portão de ferro?

- Desse tipo, só em filme de terror.

- É um portão como qualquer outro.

- As crianças devem querer muito fugir daí. Parece mais uma prisão.

Teo ri.

- Eu vou até lá dentro avisar o diretor que estamos aqui. Volto já. Vão descarregando os livros e colocando aqui na calçada.

Um homem aparece e abre o portão para que ele entre. Neil e Bob começam a tirar os livros da caminhonete. Gart encosta-se à lateral do veículo e cruza os braços, de costas para o prédio.

- Algum problema, Gart? - Wagner pergunta ao ver sua atitude.

- Eu não vou entrar aí.

- Por quê?

Gart não responde. Apenas olha para os pés.

- Foi desse orfanato que você veio?

Ele confirma, balançando a cabeça. Wagner encosta-se no carro ao lado dele.

- Você não era bem tratado?

- Quando se está no meio de mais algumas centenas de crianças e se tem comida e roupa para vestir, pode-se dizer que se é bem tratado. Pelo menos eu estava vivo. Mas uma criança não precisa só de roupa e comida.

- Quem te trouxe pra cá?

- Eu não sei. Eu nunca soube nada a respeito disso. Acho que eu já nasci aí.

- Meu avô não sabe?

- Não sei, deve saber. Mrs. Russel era dona de tudo isso na época. Eu nunca procurei saber. Ela me tirou daí, já é o bastante. Às vezes, eu fico pensando: se ela escolheu justo a mim pra trabalhar na casa dela, no meio de tantas outras crianças, no mínimo, eu devo ser um bastardo da família real inglesa.

- Já pensou? Seria muito legal, hein?

Teo sai do prédio e ao vê-los apoiados no carro sem fazer nada, diz:

- Vocês vieram para ver os outros trabalhar? Os dois descarregaram a caminhonete sozinhos, agora vocês levam lá pra dentro.

- O dever nos chama, Gart, diz Wagner, em voz baixa, batendo no ombro dele.

- Eu não vou entrar, já disse. Ele não pode me obrigar.

- Eu acho que não há necessidade de ir todo mundo lá pra dentro. Nós dois podemos dar conta de tudo, sozinhos, Teo.

- (Nada disso. São muitos livros. E se vieram até aqui, todos vão ajudar. Isso não é um passeio.).

Gart encara Teo.

- (Eu não vou entrar, Teo.)

- (Por quê?)

- (Eu não me sinto bem lá dentro.)

- (Então por que veio?)

- (Porque Mr. Russel pediu. Eu imaginei que fosse outro orfanato. Se quiser, pode dizer a ele que eu não entrei.)

- Você fala isso porque sabe que ele nunca te repreende. Você faz o que quer e quando quer.

- (Eu nunca me recuso a fazer nada que ele manda. Mas eu não vou entrar aí.)

- Ei, Teo, calma! - fala Wagner. – Não precisam brigar por tão pouco...

- Você, cale a boca! Não se intrometa.

- Arre, você gosta de por fogo na situação. É briga que você quer?

Gart percebe que Wagner seria capaz de enfrentar Teo ali mesmo apesar de seu tamanho e fica entre os dois.

- (Não vale a pena discutir, Wagner. Desista.)

- Você não quer entrar, não vai entrar. Ele que se entenda com meu avô depois, se quiser, se achar que tem alguma coisa errada nisso. Qualquer coisa, eu te defendo.

Wagner continua enfrentando Teo com os olhos. Teo, mais uma vez, se contém, pois sabe que não pode tocar em Wagner, principalmente na frente de Neil e Bob que já se colocaram em posição de defesa do rapaz. Muito nervoso, começa a erguer as pilhas de livros.

- Quem quiser vir ajudar, que venha. Mas Mr. Russel vai ficar sabendo disso, Gart. Pode apostar.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 40

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 23/02/2018
Reeditado em 14/10/2020
Código do texto: T6261701
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