RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 2

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA...

PARTE II

Cláudio gela ao ouvir o nome de Mônica Martinelli Telles.

Saber que a filha única do médico mais respeitado da cidade de Casa Branca, dono do hospital em que ele trabalha, estava no meio da farra, o faz quase não querer saber do resto da história.

- Ela também estava no meio? Estava com vocês?

- Estava. Eu sempre quis que ela saísse com a gente. Ela fez dezessete anos, hoje também, caramba. Tem que se soltar um pouco...

- Que mais? - Cláudio interrompe, com um suspiro de impaciência.

- Então nós fomos comemorar na casa do Beto, que estava vazia. O pai e a mãe dele foram viajar e... bom... lá tinha alguma bebida alcoólica e... pra começar a ficar todo mundo meio doido não demorou...

Wagner começa a rir e coloca a mão na cabeça que dói, mas, ao ver a expressão de Cláudio que não acha a menor graça, o sorriso some de seu rosto.

- Por isso, eu vim pra cá. Eu sabia que meu médico favorito ia me colocar em forma e... me ajudaria a encontrar uma saída... e ajudou... até aqui...

Cláudio balança a cabeça e olha para o chão, sentindo uma grande vontade de sumir dali. Depois se levanta e vai até a janela. Tenta se acalmar, olhando através dela e diz:

- Você sabe que o papai vai matar você, se souber que você chegou aqui de porre, não sabe?

- Não... se você disser pra ele que eu dormi aqui... - o rapaz fala, jogando cada palavra bem devagar no ar.

Cláudio fecha os olhos e se volta lentamente. Olha para a cara de pau do irmão.

- E o que te faz pensar que eu vou fazer isso?

- É minha única saída, ele diz em voz baixa. – Você não pode me deixar na mão, meu irmão. Presente de aniversário. Você nem meu deu os parabéns...

Cláudio o ignora e volta a se sentar diante dele, continuando:

- Você tem vinte anos, rapaz. Acabou de fazer. Idade suficiente pra assumir a responsabilidade pelos seus atos e eu não sou anjo da guarda de ninguém. Já foi o tempo que eu livrava você de levar bronca do papai.

- Mas...

Cláudio ergue o dedo indicador em riste e o impede de prosseguir.

- E o mais grave de tudo: você bebeu além da conta, passou a noite fora de casa e essa atitude meu pai nunca vai aceitar, como nunca aceitou de nenhum de nós. Isso não é discutível na nossa família. Se não pode hoje, não pode nunca! Dá pra se viver com essa imposição. Você sempre soube disso.

- Mas, Cláudio...

- Nem mas nem menos mas. Tudo bem, você quis ser o primeiro, ótimo. Vai ter que aguentar sozinho. Meus parabéns! Está satisfeito? Era isso que você queria?

- Foi minha primeira vez, cara! E foi por uma boa causa: meu aniversário e o aniversário da filha de um dos melhores amigos dele e seu. Eu te prometo que não faço mais.

- Mesmo assim. Se você fez alguma coisa errada e isso tiver consequência, como é que você vai ficar? Como eu vou ficar, encobrindo você?

- Mas eu não fiz nada errado!

- Tem certeza?

Wagner se cala. Deita na cama e encosta a cabeça numa almofada, respondendo.

- Não...

- Está vendo!? É melhor contar logo a verdade.

Wagner esconde o rosto na almofada e geme:

- Mas o velho vai me matar... Eu preciso de uma desculpa. Não posso contar isso pra ninguém lá em casa. Até já estou vendo a cara da mamãe...

- No sábado e no domingo você não tem pai nem mãe, não é?

- Me ajuda, Cláudio. Você também já teve vinte anos...

- Com vinte anos, eu já era casado, esqueceu?

- Por isso mesmo. Você só teve vontade, mas não teve chance de fazer isso. Eu ainda tenho. Me livra dessa, por favor!

- Só uma pergunta: a Mônica Telles também bebeu?

- Não sei... Eu não me lembro de nada depois que eu apaguei. Deve ter bebido. Estava todo mundo alegrinho demais. Ela é meio travadinha, certinha demais, mas... eu não lembro mesmo.

Cláudio se levanta, dá alguns passos pelo quarto com as mãos na cintura e diz:

- Está certo, mas você se esquece de um porém. Não sei se a Tânia vai concordar em mentir em sua defesa. Ela não se dá muito bem com você, lembra disso?

- Ela é de menos. Você ameaça dar uma surra nela e a fera fica mansinha, ele diz, sorrindo debochado.

- Você não faria isso por mim, Cláudio diz, também não conseguindo evitar o riso.

- Você não gosta dela mesmo... - Wagner fala, encolhendo os ombros com muita naturalidade.

Cláudio resolve mudar de assunto.

- Pega alguma coisa minha pra vestir aí no meu closet. Eu vou te levar pra casa.

Ele troca de roupa também, pois está todo molhado e sai do quarto.

Ao descer até a sala, procura por Tânia, mas não a encontra. Vê sobre a mesinha de centro, um bilhete da mulher que diz: “Não vou virar babá de marmanjo. Vou à casa de minha mãe. Se quiser me encontre lá. Beijo. Tânia.”.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UM VEZ... CASA BRANCA

PARTE 2

BOM DIA E BOM DOMINGO!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/01/2018
Reeditado em 28/01/2018
Código do texto: T6238389
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