Buchenwald : o túmulo. 2

Acordo com tiros e vejo a porta se abrir. Entram dois soldados e apon

tam a arma para a entrada . Então entram Ala Kähler, Frieda Lübe Kesselring, e

mais um soldado. Fico espantada ao ver as duas que tinham ido com o grupo de

Mila. Depois entram Gisela Leuenberger, Gerda Leuenberger Göring, Frigga Maria,

Maria Klara Klaff e uns vinte soldados com um capitão que grita gargalhando :

- Agora a casa de vocês é aqui ! - E faz sinal para os soldados saírem .

- Pensei que tinham fugido com Mila e nos entregadas a eles ? - falo indo até Maria

Klara Klaff - o quê aconteceu ?

- Mila nos chamou de madrugada para pegar uns pertences ...- Disse Frieda se

aproximando - depois vi todos saírem correndo e ela passando um rádio para

alguém. Falou que vocês iriam depois .

- Mandou que andássemos na frente e quando vimos, ...- disse Maria Klara triste

- Fomos usadas como isca para que fugissem ! - completou Frigga Maria .

- Mas ...relatamos tudo aos Americanos ! - falou Ala com raiva e se sentando.

- Já que a família se reuniu, se preparem para o desjejum e escovem esses seus

dentes sujos ! - Disse um soldado sorrindo - quando eu beijá-las quero que estejam

de dentes limpos, suas porcas !

- Sua mãe está aqui ? - perguntou Gisela cuspindo no chão - porco imundo !

O soldado ameaça entrar e é contido por dois outros que falam algo em inglês pa

ra ele e o contém. O ar de raiva dele fica à flor da pele . Depois vai com os outros.

- Não provoque eles ! - fala Erna se aproximando - Estão com muita raiva !

- Não foi esse o acordo que fizemos ! - Disse Frigga Maria se aproximando .

- Quê acordo ? - pergunta Lale curiosa .

- Entregariamos os nossos esconderijos onde haveria possibilidade de ter solda

dos escondidos e eles nos soltariam ! - Disse Frieda olhando para Erna .

- Todas para o banho , filhas da puta ! - gritou um sargento liderando um pelotão

bem armado - se reagirem eu as mato, vagabundas !

Ao sairmos, vejo Mila chegar amarrada e com sangue na boca . Soldados Ameri

canos riem e jogam lixo nela.

- É isso que vocês são ! Lixo imundo ! Putas safadas ! - e começa a gargalhar .

- Vocês são tão imundo quanto nós ! - gritou Catarina revoltada.

Um soldado dispara na barriga dela que cai encurvada mas sorrindo e falando:

- Prefiro morrer a viver subordinada a estupradores imundos ! - e respira fundo.

Um outro tiro . Agora na cabeça a silencia de vez. Nina Hübner chora e se ajoelha

tocando no corpo da amiga . Leva um tapa no rosto e cai . É puxada com força

por um dos soldados e somos levadas para um local mais seguro , um pequeno

alojamento de grades . Os soldados nos encurralam lá e vejo Margaret a segurar

um soldado e meter as unhas nos olhos dele que grita de pavor e solta a arma .

Atiram várias vezes em Margareta até ela cair sem vida. Ao mesmo tempo que

vejo Geertruida pegar o fuzil e derrubar dois soldados mortalmente . Descarregam

nela também e, antes de cair, ainda acerta o gigante que me possuiu . Bem no pei

to. Ela cai sem vida e ele também. Disparam mais alguns tiros e vejo Gisela e Ala

caírem mortalmente. Corremos para os fundos e entram com muita raiva .

- Malditas ! - E atira no peito de Mila que entra empurrada . Ela cai sem vida .

Ficamos encurraladas e todas nós deitamos no chão para tentarmos sobreviver.

- Levantem -se , putas imundas ! - gritou alguém. Ouço tiros e todas nós nos levan

tamos rapidamente - mando matar todas, se continuarem assim ! - E atira em Frie

da e Gerda Leuenberger friamente bem na cabeça - fica o exemplo ? Enterrem as

vadias ! - gritou ele apontando os corpos . E vejo soldados saírem arrastando os

corpos das minhas amigas assassinadas e o assassino, um tenente, se dirige até

Frigga Maria - não tínhamos um acordo ?

Ela balança a cabeça positivamente e ele a agarra pelo pescoço e coloca a arma

na boca dela - acabou e terão que cooperar ou matarei a todas ! Sem...

Emudece pois, vejo Frigga sacar da faca que ele carregava na cintura e enfiar no

peito dele que arregala os olhos e cair tentando puxar a faca do peito em vão pois,

perde as forças e cai sem vida. Entram atirando em Frigga que tomba gargalhando

muito. Descarregam a arma na cabeça dela com raiva. E não percebem que a

arma dele caiu perto de Ertha que a pega e dispara uma, duas, três vezes até ser

mortalmente ferida. Mas vejo quatro Americanos mortos : Um foi Frigga quem o

matou e três foram Ertha que dá uma última respirada.

- Todas no chão ou mataremos todas ! - gritou alguém.

Me deito e todas fazem o mesmo. Nem olhamos para os lados.

- Quê porcaria andaram fazendo ? - ouço uma voz grossa - retirem os corpos daqui

e fechem a porta. Esqueçam esse setor por hora. Tragam apenas o desjejum ! E

continuem deitadas de rosto no chão até o desjejum chegar !

Ouço o arrastar dos corpos e depois ouço o barulho de vasilhas serem colocadas

no chão. Ouço a porta se fechar e a mesma voz rouca gritar :

- Podem se levantar e aproveitem para matar a fome pois, não sei se haverá outra!

Ouço a porta se fechar e levantamos apavoradas. Gerda Maria chora e as outras

pegam pão e enchem suas canecas de leite. Faço o mesmo e Gerda Maria engole

o choro e faz o mesmo. Vejo em cada rosto o medo. Mas não mais o choro ! Fica

mos sim apavoradas mas, sabemos que este será nosso túmulo ! Isso dá para se

perceber nos acontecimentos. Olho para uma folhinha velha de calendário e a pe

go e olho para o dia 3 .

- Hoje é 3 de junho de 1945 ! Estamos tendo uma sobrevida longa !

- Também acho ! - disse Marija de boca cheia.

- É melhor nos calarmos e comermos tudo pois, tem mais pães ! - disse Lili pegan

do outro pão. Faço o mesmo e todas fazem.