UMA LOURA À JANELA - 34

Tommy Logan olhou para o cadáver estendido no assoalho e sentiu-se mal. Entregou um telegrama para James e anunciou:

– Aqui está o telegrama de Donald Folson, chefe.

Em seguida, retirou-se, com o estômago embrulhando.

No instante em que saiu do quarto, encontrou-se com Mary Brown, que fora libertada por um dos guardas. O rapaz animou-se um pouco, ao ver a jovem.

– Este é o assassino – informou James ao tenente O’Connor. – Tire-lhe a máscara. E esta é Mary Brown.

A moça acabara de entrar no aposento.

James começou a ler em voz alta e apressadamente o telegrama enviado por Folson:

– FRANK LOWELL ESTARÁ FORA DA STAR FILMS SE NÃO FIZER NEGÓCIOS COM FINANCISTAS DO LESTE PONTO PRECISA REFINANCIAR DÍVIDAS PONTO MAIORIA DAS AÇÕES PERTENCE A MARY BROWN PONTO FARÁ DELA NOVA PRESIDENTE ATRAVÉS REPRESENTANTE LEGAL PONTO LOWELL SEM POSSIBILIDADE DE RETOMAR CHEFIA DA COMPANHIA PONTO CONTRATO DE VERNA ARRUINADO COM AFASTAMENTO DE LOWELL PONTO NÃO SERÁ RENOVADO PONTO LOWELL MAU SUJEITO PONTO HOMEM PERIGOSO PONTO CAPAZ DE MÉTODOS POUCO LÍCITOS PONTO AGE IMPULSIVAMENTE QUANDO DESESPERADO PONTO

Sem fazer nenhum comentário, James passou o telegrama a O’Connor. O tenente o olhou com uma expressão interrogativa, depois de ler e reler o telegrama.

– Não há muito o que dizer – falou James. – Eu tinha um palpite de que Frank Lowell estava envolvido de algum modo nessa embrulhada, quando telegrafei a Folson. Mas aquela facada que ele fingiu receber desviou-me da pista. Eis as minhas deduções: Lowell estava em maus lençóis, pois os representantes legais da srta. Mary Brown votaram pela sua demissão. A única possibilidade que tinha era conseguir o lugar de procurador da moça e depois “prendê-la” como sua esposa. Então, com o auxílio de Verna Vale e Darrell Desmond, engendrou um plano para colocar Mary numa situação comprometedora. Depois, forçaria a moça a concordar com suas condições, a fim de evitar um escândalo. Darrell Desmond excedeu-se, quando exigiu a categoria de astro da Star Films como preço do seu silêncio. Não creio que, a princípio, Lowell tencionasse matá-lo. Entretanto, o ator começou a pressioná-lo e foi obrigado a matá-lo.

Verna Vale auxiliou o assassino a retirar o cadáver de Darrell Desmond do Hotel Continental.

– E como explica as mortes de Drake, Sanders e Verna Vale? – Indagou O’Connor.

– Drake, o detetive do hotel, entrou no momento inoportuno... Quanto a Sanders, ele continuava apaixonado por Verna. E ameaçou Lowell, caso Verna fosse prejudicada de algum modo. Agora, ainda não entendo os motivos que levaram Lowell a matar Verna, cujo contrato ele próprio procurava renovar para garantir êxito da companhia pela qual ele estava lutando. Tenho um palpite... Mas é apenas um palpite: talvez Verna Vale o tenha chamado para ir ao seu apartamento depois que eu estive lá pela segunda vez e acusou-o da morte de Darrell Desmond ou ameaçou dizer tudo o que sabia. Daí, Lowell foi obrigado a matá-la, para encobrir os demais assassinatos.

James indicou Mary Brown com a cabeça.

– Ela e eu seríamos os próximos a ser mortos. Depois de ter ido demasiadamente longe e ver que Mary não ia assinar o documento que o tornaria seu procurador, Lowell resolveu matar-nos também. Vocês apareceram no momento oportuno.

– Não me agradeça por isso – retrucou O’Connor, sorrindo. – Vocês devem suas vidas a Tommy Logan.

– Que quer dizer? – Indagou James. – Não compreendo... Afinal, como vocês chegaram aqui?

conclui na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 08/07/2016
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