A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 11 - CONHECIMENTO E TRANSFORMAÇÃO

Ao invés de falar conosco, já que tinha feições humanas, o ancião sorria e nos envolvia num halo lilás, que provocava leve excitação mental, mas ampliava nossa percepção de tal forma, que tínhamos acesso pleno ao íntimo uns dos outros, e podíamos nos entender sem a necessidade de palavras. O velho também se pôs, totalmente, em sintonia conosco.

Por seu intermédio, ficamos sabendo detalhes do que nos revelou o sonho. Viéramos do mesmo quadrante universal de onde se originavam dezenas de povos, inclusive aqueles a que pertenciam aquele senhor e Kalewa, e utilizando a tecnologia de outra civilização, que já não vestia corpos físicos há muitos milênios, inseriram nossas essências sutis em corpos humanos da superfície da Terra, a fim de que pudéssemos nos desenvolver como nativos, raciocinar de modo parecido. Quando chegasse o momento adequado, recordaríamos todo o processo, e retomaríamos a missão, agindo, diretamente, nos núcleos humanos, como naturais, escapando da restrição imposta aos visitantes, de não interferência no processo evolutivo planetário.

Nosso estado mental alterado impedia reações emocionais, o que foi providencial, pois as revelações, que surgiam de dentro de nós mesmos, eram estonteantes. Porém, já estava em curso transformação radical, em nossa mente. Sentíamo-nos muito diferentes de antes, e, curiosamente, o aspecto humano terráqueo ainda pulsava forte, mas todo o comando racional estava a cargo de nossa natureza extraterrestre.

Ao cabo de período, que nos pareceu ter decorrido por algumas horas, o homem se foi, sumindo repentinamente, deixando claro que voltava à sua nave, porque outro ser deveria terminar o que ele iniciara. Nem bem sumira, e todo o lindo cenário em volta também já não existia, e nos vimos em meio a deserto rochoso escuro, onde apenas um ponto luminoso distante parecia sugerir vida. O tal ponto se aproximou, rapidamente, tomando forma humana.

Como o ancião, esse outro personagem também não falava, e explicou que seu povo, que era o mesmo do seu antecessor, nunca utilizou, amplamente, a comunicação oral, e seu idioma seria, na Terra, considerado impronunciável. Curiosos, tentamos vocalizar nossos nomes originais, que já conhecíamos, e não tivemos o menor sucesso. Totalmente inviável.

Explicou, mentalmente, que conhecíamos nosso passado, mas ainda desconhecíamos o passado do planeta Terra, e isso seria crucial para o correto cumprimento de nossa missão. A um gesto sutil de sua cabeça, todo o grupo se deslocou para o espaço, sem qualquer tipo de proteção, a velocidade vertiginosa, e no entanto, estávamos tranquilos. Informações surgiiam, aparentemente, de forma expontânea, e acabávamos sabendo de capacidades e habilidades novas que adquiríamos, e que experimentaríamos, enquanto nos fossem revelados muitos detalhes sobre passado e presente oculto do planeta Terra.

Ao passarmos por Marte, ele sugeriu que utilizássemos nossa visão ampliada, para vermos cena inusitada. Uma espécie de robô, em forma de veículo, com braços bem articulados, disparava um tipo de feixe luminoso (laser?) em direção a rochas enormes, mas havia algo protegendo o sítio, de tal forma, que nada acontecia, por mais que tentasse. Assim que focamos a ocorrência, soubemos que o atirador era máquina pertencente a organização de militares terráqueos, que tentavam, extraoficialmente, estabelecer uma unidade avançada em território marciano, sendo impedidos, tecnicamente, pelas forças da Aliança.

Ao nos dirigirmos, novamente, para a terra, fizemos outra parada nos arredores da lua, e utilizando o mesmo procedimento, verificamos que, ao longo da superfície lunar, várias bases de estudo ou uso militar já estavam estabelecidas, sendo algumas da mesma organização, e outras de civilizações visitantes, mas nenhuma abrigava membros aliados. Nosso amigo e orientador nos instou a aprofundar a observação, atingindo o subsolo, e vimos cavernas e minas, onde o extrativismo era intenso, mas a partir de certo ponto, as iniciativas, de todos os que ali se estabeleceram, encontravam um limite intransponível, que derivava de tecnologia mais adiantada, impedindo o avanço desordenado e destruidor que acontecia. A presença da Aliança era dissimulada, mas efetiva, e exercia controle funcional muito eficiente, sobre as atividades obscuras, que passamos a conhecer.

Antes de descermos ao planeta, tivemos um momento de entendimento mútuo, em que nos conscientizamos sobre a existência de outras dessas organizações, terráqueas ou não, em diversos lugares e situações, tanto da superfície, quanto do subsolo profundo. Entraríamos em contato com elas e povos subterrâneos, de vários matizes, ideológicos e morfológicos.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 19/02/2016
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