A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 04 - COMEÇA A AVENTURA

Após o pronunciamento da “voz do céu”, como diziam as pessoas, nas conversas de rua, quase tudo voltou ao normal, com exceção das aparições das máquinas voadoras, muito mais freqüentes que antes, e um ou outro contato com os ET’s, nos raros pousos que faziam. É conveniente entender que aquela assembléia, ocorrida dias antes, no alto do Tibet, e todos os acontecimentos correlatos, não eram de conhecimento público. Apenas os dirigentes governamentais e poucos militares sabiam do assunto, e ainda que tenha vazado, para um e outro canto do mundo, todos os comentários a respeito eram fragmentados, pejados de muito boato e invencionice. Certos meios de comunicação tentaram reportar a respeito, mas foram silenciados, e eu mesmo só soube do acontecimento bem depois, mas tento aqui escrever na ordem cronológica dos fatos, para melhor compreensão do leitor.

Depois do que vi nos céus da praia onde moro, e tendo consciência de que aconteceu em todo o globo, pelo que assisti na TV, tentei tocar minha rotina diária o melhor que pude, no aguardo do que viria, mas como o livro que me alçara à fama tinha sua trama ambientada em torno da vida extra e intraterrena, passei a ser assediado por vários veículos de mídia, a fim de que me pronunciasse a respeito e até arriscasse prognósticos sobre os próximos eventos. Não pude me furtar a conceder algumas entrevistas, mas me esquivei de dizer asneiras e tive de achar um refúgio, onde não conseguissem me encontrar. Era um sítio singelo, não muito longe de minha residência, e ficava numa colina à beira mar, cuja vista era estonteante, de tão bela. Pertencia a um amigo, já avançado em idade, que se desconectara da vida social, vivendo, praticamente, como ermitão, sem eletricidade e água encanada, e sem querer saber do mundo.

Conversávamos sobre filosofia, mas ele nunca me perguntava nada de caráter pessoal. Quando cheguei, como sempre, ele só me disse que tinha café no bule, sobre o fogão à lenha, que pusesse minha mochila no quarto dos fundos e aguardasse um pouco, enquanto se banhava na ducha de bambu, sob o sol da tarde. Peguei uma caneca fumegante, fui até a beira da colina e permaneci, absorto, olhando aquele marzão que se estendia até o horizonte. Levei um susto enorme, com a gigantesca máquina voadora que passou sobre o local, voando baixo e se distanciando rumo ao alto mar, mas meu anfitrião, com uma inesperada fleugma, veio até mim, enxugando o corpo e olhando o veículo aéreo ao longe, sem demonstrar alteração.

- Que coisa bonita, hein Naum?

- Já tinha visto algo assim antes, seu Valdomiro?

- Não! Imagino que tenha tanta coisa por aí que nunca vi! Muitas, nunca verei.

- O senhor não faz idéia do que tem acontecido nestes últimos dias.

- E pretendo continuar assim. Quanto menos souber, melhor. Vamos tomar café!

A simplicidade e alheamento voluntário do homem me impressionavam. Respeitei sua decisão e nada comentei sobre o que ocorria e o motivo de minha visita. Porém, enquanto me preparava para saborear seu pão caseiro, ouvi os cachorros latindo, insistentemente.

O visitante aguardava no portão, sem se atrever a enfrentar os cães. Deixei que meu anfitrião se alimentasse e fui ver o que o estranho desejava, mas ao me aproximar, estanquei.

- Olá Naum! Andei um bocado, para chegar até você, sem ser seguido.

- Jardel! Como me achou? Ninguém sabe deste lugar, e você nunca me visitou antes.

- Sei que parece loucura, mas fui contatado pelos visitantes. Você sabe que desenvolvo um trabalho sobre eles, já há algum tempo, e como sensitivo, já tivera contato com grupos de pesquisadores alienígenas antes, mas sempre por canais telepáticos. Ontem, no entanto, tive a inesperada visita de dois forasteiros, que me trouxeram até um local próximo daqui, pediram que o procurasse e fôssemos, nós dois, até o morro do mosteiro, onde nos encontrariam.

- Estou pasmo e sem entender o que se passa. Que querem comigo?

- Sei tanto quanto você, mas sinto que são bem intencionados, então estou colaborando.

A curiosidade venceu, peguei a mochila e segui para o local mencionado, na companhia do amigo. Chegamos ao anoitecer, e sentamos numa clareira, à beira do precipício, sem saber o que fazer ou se, efetivamente, algo, talvez alguém, viria até nós. Mas não foi preciso esperar.

Um vento quente nos envolveu, repentinamente, e uma luz tênue, de cor indefinida, foi se intensificando, até que vimos, alguns metros acima de nossas cabeças, um objeto metálico, hexagonal. Em segundos estávamos dentro dele (teletransportados), envoltos por halo intenso, que nos cegava, e uma mensagem na mente: “ESTAMOS HONRADOS COM SUA VISITA”.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 24/01/2016
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