A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 03 - A ASSEMBLÉIA MUNDIAL

Vários representantes governamentais pediram a palavra, e houve um breve princípio de tumulto, silenciado por som grave e profundo, que fez tremer o ambiente. Ainda havia quem insistisse em levantar a voz, mas em poucos segundos o silêncio era total.

O grupo alienígena, postado ao centro do recinto nem se moveu, mantendo uma calma inabalável, enquanto os terráqueos presentes, demonstrando insegurança e fragilidade, ante a demonstração de força indefinível, aguardavam a manifestação dos anfitriões.

- Como devem imaginar, temos acesso fácil às suas mentes, aos seus pensamentos e sentimentos, mesmo aqueles que se escondem no canto mais recôndito de suas almas. Todas as suas dificuldades regionais, ambições, segredos, diferenças, questões e desentendimentos, são plenamente conhecidas pelos membros da Aliança, e embora tenhamos como princípio de ação não interferir em suas jornadas cotidianas, estaremos sempre próximos e prontos, a partir de agora, para evitar atos extremos, genocídio e agressões armadas. Também passaremos a coibir agressões ao ecossistema planetário, sempre de forma definitiva.

Novo início de tumulto e nova projeção do som grave e perturbador, acalmando a todos.

- Vocês não estão participando de um debate, e não estão em condições de defender um princípio de ação condizente, pois não há um sequer, nesta assembléia, que não possua ambições pessoais ou não queira utilizar a ocasião, estrategicamente. Não precisamos ouvi-los para saber o que pretendem expor, mas conhecemos, perfeitamente, o que ocultam, enquanto encaminham palavras formais e estudadas. Quisemos reuni-los aqui para advertí-los, de modo simultâneo e longe de seus conterrâneos, com a finalidade de lhes dar a chance de tomar uma iniciativa válida, adequada, perante seus povos, evitando que tenhamos de intervir, parcial ou totalmente, nas ocasiões em que ocorrerem os extremos já citados. Inclusive, toda e qualquer agressão que houver, entre nações, será objeto de intervenção e destruição de todos os armamentos envolvidos, principalmente os mais poderosos; particularmente, os nucleares.

Nesse momento o tumulto se instalou com muito mais intensidade, e o som apaziguador veio com tal força, que abalou, fortemente, toda a estrutura da reunião, derrubando a maioria dos presentes no chão e fazendo uma porção desmaiar. Ao fim de demorados segundos, houve novo silêncio, uma névoa azul encobriu a multidão e teve efeito bastante interessante. Entre os mais exaltados, era possível observar o asserenamento do ânimo, e os que estavam desmaiados ou afetados por desconforto, sentiam-se revigorados.

- Em nossas interações com vocês, nunca haverá distinção entre pessoas, povos ou nações, e todos serão tratados com igual respeito e afeto. Da mesma forma, quando tivermos de agir, para preservar vidas e harmonia ambiental, nenhuma diferença existirá. Como amostra de nossa capacidade de ação, todos voltarão aos seus locais de origem por nossos meios.

Em um tempo que pode ser calculado por frações de segundos, todos os representantes governamentais desapareceram, como também seus veículos de transporte, estacionados nas proximidades da cúpula, reaparecendo, cada qual, em seu país e local inicial de partida. Toda a estrutura montada para recebê-los, no alto das montanhas, desapareceu imediatamente, sem deixar qualquer vestígio, material ou energético, que pudesse ser rastreado.

Não houve um governante que não se sentisse alarmado com o poderio dos visitantes.

Muitas reuniões militares se sucederam. Muitas milícias, organizações terroristas e mais facções insurretas, que não participaram da assembléia, puseram em dúvida a real capacidade de mobilização alienígena, resolvendo testar em campo o alegado poder de confrontação. Foi uma sequência de ataques, mais ou menos simultâneos, cuja intensidade e quantidade, nunca fora vista antes. No entanto, absolutamente todos foram frustrados, como se os forasteiros soubessem, antecipadamente, onde, quando e como agiriam os atacantes. Foram imobilizados e a totalidade de seus armamentos inutilizada. O silêncio que se seguiu, entre agressores e agredidos, deixava claro que a pasmaceira ainda não resultara em entendimento raciocinado.

Ninguém sabia o que viria a seguir, e o medo era o sentimento mais detectado.

Nos céus do planeta ecoou uma voz, cuja mensagem todos puderam entender.

- Irmãos do globo azul, irmãos da Terra. Viemos em paz, em paz conviveremos com todos daqui por diante. Respeitaremos suas crenças, costumes e demais hábitos, desde que não impliquem em agressão coletiva ou desconsideração de seus iguais. Ajudaremos conforme pudermos, e só interviremos para evitar destruição. Tentem viver serenamente e progredir.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 22/01/2016
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