A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 01 - A GRANDE VISUALIZAÇÃO

Meu nome é Orson Wel Dias, e antes que riam ou imaginem algum erro gráfico, adianto que meu pai era fã inveterado de Orson Welles, mas não entendia patavina de inglês, assim como o cartorário que me registrou, e deu no que deu. Para não ter de ficar explicando, e também porque detesto esse nome, me apresento sempre como Orel Dias, escritor.

Sim, sou escritor. Contista, cronista, poeta e ficcionista. Cozinho, lavo e passo, também.

Dois anos atrás, resolvi escrever uma ficção, em que um grupo de pessoas comuns se envolve com comunidades intraterrenas (subterrâneas) e visitantes alienígenas, em meio a muitas aventuras e acontecimentos incomuns, assombrosos. Embora tenha feito o possível para evidenciar o aspecto aventureiro da trama, o que chamou mais a atenção da mídia e leitores, foram as informações, descrições e “revelações” sobre intra e extraterrenos. Meu livro vendeu bem e fiquei, razoavelmente, famoso. A partir daí vieram as inevitáveis entrevistas, críticas, elogios (bem mais aquelas que estes), e passei a ser conhecido como o escritor ufólogo, o que nunca fui, a bem da verdade. Porém, para estar medianamente pronto para a enxurrada de perguntas a esse respeito, sem passar vexame, pus-me a estudar o assunto e travar contato com pesquisadores. Em especial, com André Gard, um dedicado e criterioso senhor, que se mantém na vanguarda de tudo que acontece, envolvendo assuntos correlatos.

Paralelamente, conversava com Jardel Lemos, conhecido sensitivo, que montou uma razoável estrutura de estudos sobre a influência dos alienígenas no passado desta e de outras civilizações, que existiram no planeta, estendendo seus estudos até a situação presente.

Como vêem, estava bem acompanhado e apoiado, para enfrentar debates sobre minha obra, preparando sua continuação, que já estava em andamento. O que não podia prever, era que minhas páginas de aventuras e conversas posteriores, resultariam em outra aventura, só que real e muito mais radical, Até hoje ainda fico confuso, ao pensar em tudo que aconteceu.

Após um round de entrevistas e debates, que durou todo um fim de semana, estava de novo em casa, e tendo bem dormido por mais de sete horas, acordei cedo, quando o sol dava os primeiros sinais do arrebol crepuscular. Abri a janela e me pus a observar a pracinha em frente, cujas arvores balançavam os galhos, ao sabor do vento mareiro. Lá no fundo estava ele, o marzão espumante e levemente agitado, brilhando ao leve toque da luz diurna, que surgia.

Tudo ali, naquele momento, era paz e quietude. Só o vento e o mar se pronunciavam.

Repentinamente, um zumbido estranho chamou minha atenção.

Fui para a rua e percebi que se intensificava, mesmo que não incomodasse muito.

De um jeito incomum, o céu começou a nublar, e as nuvens se moviam em velocidade anormal, como quando se forma uma tempestade; só que eram nuvens branquinhas e não havia qualquer sinal de precipitação ou cargas elétricas. Era estranho e bonito de se ver.

Não tenho vizinhos próximos e minha companheira de caminhada tinha ido passar uns dias com sua mãezinha, então não havia com quem trocar impressões, e só me restava manter os sentidos em alerta, mesmo que não me sentisse ameaçado por algum evento climático.

O céu ficou totalmente tomado por nuvens espessas, tornando a escurecer o ambiente matutino em redor. O zumbido parou, uma sensação estranha me invadiu, e todas as nuvens começaram a se dissipar, velozmente, exibindo, em contraste com o azul profundo do céu, muitos objetos voadores estranhos, de vários formatos e cores, todos parados, flutuando ao léu em variados níveis de altitude. Eu estava diante dos afamados discos voadores.

Eram muitos, e tenho de ressaltar que vários não tinham formato redondo, mas eram lindos e pareciam ter saído de alguma produção cinematográfica de ficção científica.

Sem saber que atitude tomar, entrei em casa e peguei o telefone, para contar aquilo para alguém, mas a TV, que estava ligada, exibia cenas idênticas ao que presenciava ao vivo. Em todos os canais pipocavam notícias daquela fantástica exibição celeste, que acontecia, de forma simultânea, em todo o globo, sem que houvesse alguma explicação sensata.

Sem aviso, um som estrondoso, porém suave, ecoou pelos ares, e uma voz se fez ouvir.

- A Aliança saúda os irmãos da Terra, em nome de centenas de povos planetários, cujos representantes vieram de vários cantos desta galáxia, para convidá-los a uma união fraterna.

No instante seguinte, todas as naves se retiraram, a uma velocidade alucinante, e tudo voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido. Soube, depois, que a mesma mensagem foi ouvida em todos os idiomas, mundo afora. E como eu, praticamente todos estavam pasmos.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 15/01/2016
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