Passando para desejar aos amigos e amigas um Natal repleto de paz.

 

O meu Natal inesquecível...

 

Natal eu o vejo assim, uma festa onde a boa parte da sociedade sempre se esquece de convidar o dono da festa.

 

Em casa éramos seis irmãos e a guerreira de minha mãe, que por ser uma lavadeira o pouco dinheiro que conseguia era para fazer a nossa ceia, fato que ela fazia questão de tudo o que tinha direito, na mesa exposta ela fazia questão de ter uma cadeira dita vazia. Mas a realidade que muito tempo depois vim à saber que a cadeira vazia, tinha dono, pois era reservada ao dono da festa  onde em frente a cadeira ela colocava uma pequena taça de vinho, um copo limpíssimo de agua e um pão, ah, Dona Orita só a senhora mesmo.

 

Já homem feito lembro eu que um dos melhores natais que passei foi algo que até hoje me faz ser este ser que nesta data tão importante eu fique literalmente recluso. Pois me vem a lembrança de meus natais ainda criança onde os raros presentes que ganhava era de vizinhos, nossa que lembranças boas, realmente marcaram minha mente.

 

Trabalhava no Mercado de Capitais, exatamente com o Mercado Primário e fui convidado pelo dono da Corretora a participar de sua ceia, aceitei pelo fato de que em casa o pessoal dormia cedo e disse que lá chegaria um pouco mais tarde e assim foi feito. Era no Leblon em um belo e aconchegante apartamento, quando adentrei ao imóvel fui muito bem recebido, o que até hoje também agradeço o convite, mas a realidade ali vista fiquei meio estranho, pois estava numa pomposa festa de Natal, onde se tinha desde a uma simples garrafa de agua mineral a Champagne importada, quanto a mesa posta nem se fala era sim tudo do bom e do melhor, resumo me senti um peixe fora d’agua.

 

Na época morava no subúrbio e já por volta de onze da noite, dei uma desculpa de estar com dor no estomago e ia dar uma volta, nada eu queria mesmo era fugir dali , onde decidi pegar meu carro e voltar para casa, ao passar pela Praça da Nações em Bonsucesso, me chamou a atenção uma família que ali estava, era o homem, a esposa e três crianças, tive que parar no sinal e do nada estacionei meu carro e me aproximei do casal e das crianças moradores de rua, vi que as crianças brincavam com um carrinho feito de lata de leite ninho, tinham dois pratos perto deles e vi neles, restos de o que parecia ser feijão e arroz.

 

Timidamente quase sem jeito me aproximei do casal e perguntei se poderia me sentar perto deles, pois queria cear com eles, senti que o marido não gostou, certamente deveria estar pensando ser eu um doido, tarado ou até mesmo um pedófilo, pois viram como eu olhava com carinho as três crianças, só me restou explicar a ele que minha família dormia cedo e estava me sentindo só em plena noite de Natal, omitindo que estava chegando de uma verdadeiro banquete de Natal. Mesmo com certa desconfiança o marido falou que nada tinham para cear, pois o pouco que haviam conseguido era sobras de Restaurantes e já haviam comido.

 

Disse Senhor sem problema ainda tem aquele Restaurante aberto onde já tinha visto alguns frangos assados, ele disse que se eu pagasse tudo bem. No subúrbio véspera de Natal as lojas ficam abertas muitas até depois de meia noite e pouco faltava para meia noite, onde lembrei da ceia de Dona Orita, corri ao Restaurante pedi três frangos com tudo o que tinha direito, paguei e pedi que esperassem eu entrar numa loja de Departamentos estas tipo Loja Americanas e estavam prestes a fecharem, nem quis saber, peguei uma cestinha, nela pus copos plásticos, uma garrafa de vinho, refrigerante, agua mineral e alguns brinquedos , voltei ao Restaurante para pegar os frangos e lembrei do pão o dono até riu quando pedi a ele um pão mesmo que fosse pão já duro...rsrs.

 

Voltando com sacolas a praça, acredito que o marido nem mais esperava que eu voltasse, pois deveria estar me achando maluco, tarado ou doidão qualquer, ao me ver abriu um sorriso acompanhado da esposa e a algazarra das crianças que se acentuaram quando mandei os três abrirem os pacotes com os brinquedos, nossa que gostoso senti o mesmo como eu me sentia ao ganhar presentes de natal de meus vizinhos ainda garoto.

 

Pedi ao casal que deixasse  usar um pano que acredito eu um dia ter sido uma toalha de mesa, a forrei no banco da praça, coloquei os frangos nos pratinhos comprados, a garrafa de vinho, os refrigerantes e ao lado num cantinho mesmo sem ser uma taça coloquei um copo pela metade como minha mãe fazia de vinho, um com agua e o tal pão que realmente era um pão já meio durinho.

 

O casal e as crianças me olharam e o marido curioso me pergunta se era macumba, eu ri muito e só me restou dizer a ele.

 

Não amigo, o vinho, a agua e o pão era para o dono da festa...

 

E você que esta lendo também convida o dono da festa...

 

Djalma Pinheiro

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Imortal da Academia Mundial de Cultura e Literatura – Cadeira:13.

 

 

Djalma Pinheiro
Enviado por Djalma Pinheiro em 24/12/2022
Reeditado em 01/02/2024
Código do texto: T7678763
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