A PALAVRA E O NATAL

Tenho, por opção estética, que texto e imagem são peças autônomas. É quase sempre inoportuno para o poema o aporte gráfico imagético. Se, acaso congeminadas, a imagem prevalece aos olhos, ofuscando a Palavra – que não tem o brilho das figuras – diferentemente do que ocorre com a Música, que cria o clima utilizando os ouvidos e não os olhos. Normalmente nos sensibilizamos mais facilmente com o som e a impressão visual resta ofuscada. Daí que a Poesia perde em muito a sua sedução. Somos todos, no caso, audição... Ao demais, é natural que o poético passe a ser secundário na composição musical. Desta sorte, há que se ter cuidado com ambos: o figurativo e o aporte musical. O poema vai perder o seu peculiar mistério de som e vocábulo. Se bem que pode virar fada ou borboleta e vir a ser o condão dos dias... Veja-se o tempo de Natal: até a poeira das estradas canta jingle bells...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

http://www.recantodasletras.com.br/natal/2675184