Helga

Me chamo Helga, nome comum na Alemanha, No dia de meu aniversário de doze anos, as tropas nazistas invadiram a Polônia e só agora vejo tudo chegar ao fim. Os soviéticos desfilam seus blindados sobre Berlim, invadem casas, saqueiam estabelecimentos comerciais, comemoram a vitória abusando sexualmente das mulheres da cidade.

Estamos confinadas eu, mamãe Frida e vovó Astrid. Os vencedores vão chegar em breve e vovó está ali, sentada com sua Mauser C96 que ganhou de vovô, diz ela, como prêmio dos tempos do Império Alemão. “Três projéteis, nada mais”, ela não cansa de repetir.

Eles arrombam a porta. Estão na sala de estar. Sentamos então, nas cadeiras de frente pra vovó.

- Três projéteis, nada mais!

Mamãe fecha os olhos e recebe um tiro na face. Fecho os olhos, nos lábios o paladar salgado das lágrimas.

- Prometo vovó, viver como se cada dia fosse o último! Amo vocês!

FERNANDO NICARAGUA
Enviado por FERNANDO NICARAGUA em 02/05/2020
Reeditado em 02/05/2020
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