Gaiola

Passou a ver as coisas sem esperança, a vida pesava em seus ombros. Caminhava pelo corredor a passos arrastados e os olhos vazios quando foi arrebatada pelo chamado do acaso.

O dia tedioso, sonolento entrava pelas grades das janelas chacoalhando as persianas num ritmo soturno, a luz insistia em penetrar sua pele num arrepio morno, seu coração era embalado pelos ruídos externos da civilização.

Em seus devaneios o mundo parecia tão distante e ao mesmo tempo tão próximo, foi quando uma sombra roubou seus pensamentos cobrindo o sol por uma fração de segundos.

A ave exibe sua liberdade e suas longas asas negras em contraste com o céu azul. Ela não pensa, apenas vive.

E ali, planando ao sabor do vento, o urubu irracional parece zombar da consciência humana.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 11/03/2016
Código do texto: T5570915
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