O eco do enforcado

A voz voltou como um tambor intermitente, assombrando-o em todas as suas noites de solidão. Mas essa seria uma noite importante. Eram ecos de uma única voz, chamando-o para outra sintonia. O grito era da menina que morava ao lado, minutos antes de sua morte. A casa estava em chamas e a pequena não saiu a tempo. Seguiram-se momentos de delírios naquela noite amaldiçoada.

Deveria manter o foco, sem distrações. Sentiu que estava caindo e girando num abismo quando finalmente encontrou o cordão. Escolheu um lugar imaculado e pressentiu um aviso, um som. Mas era tarde para isso... era o eco do enforcado. O grito sai afônico para a última lástima, porque o sepulcro pútrido aguarda e não há mais tempo.