Olhos

Fechou os olhos como se fosse pela última vez, não que ele estivesse morrendo ou coisa e tal ou mesmo que fosse bucólico, não, ele só queria sentir tudo em total intensidade.

Já lhe fizeram tanta coisa, as boas são as que doem mais, uma palavra rude pode ser perdoada, mas uma ajuda ele sente como se ainda devesse.

Olhos fechados, não tinha nada daquele bucolismo do arcaísmo. Havia muito barulho, risadas, pulos, estralos. Mas ali era o seu bucolismo, não que fosse dos que gosta de festa mas também não vive a procura de plena paz.

Se bem que agora um pouco de paz seria aceitável. Mas do que seria paz sem o lado oposto? O oposto do oposto nunca lhe atraiu. Olhos fechados, vida vivida, vida passada. Olhos abertos: presente. Só isso que lhe resta, presente.

Yan de Alencar
Enviado por Yan de Alencar em 13/02/2013
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