Viva ou morta

Marchei atrás dela, inconsequente e exagerado, prevendo o pior e acabei com tudo. Antes a mim que ela. Antecipei-me. Fui julgado e condenado por todos: recebi a pena de morte!

Tornei-me pegajoso, grudento, por vezes até insuportável, diria eu. Acompanhava os cheiros, a pele suada, o hálito embriagado... esmagava os cabelos, mordia o queixo, puxava pelo braço. Depois batia-lhe como escrava, numa tortura barulhenta. Sei que essas atitudes podiam parecer insanas e dramáticas, mas para mim, tudo estava no controle.

Nasci defeituoso, certamente. Eternamente um fraco, um hábito de existência. E ocorreu-me chorar. Horas depois voltei, porque eu era o estorvo, e tentaria novamente... mais uma vez, e ela voltaria, como sempre, morta ou viva.