O ABISMO

Ela tinha tantas qualidades, porém afogava-as na garrafa de uísque. Os primeiros goles maquiavam sua timidez, emprestavam gotas de alegria a um corpo vazio. Mas a sede aumentava à medida que se aguava. Ansiava mais mais mais. Sentia-se derreter naquele copo e já não era mais aquela mulher tão fria. Desejava fugir da mediocridade enraizada. E, no desespero, qualquer abismo servia. Assim, tropeçou pela vida. E só parou de beber, quando foi bebida.