PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 11,45-56)(23/3/24)

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1. Caríssimos, certa feita escreveu São Paulo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus." (Rm 8,18-19).

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2. No Evangelho de hoje vimos o absurdo com que o Senhor Jesus foi julgado digno de morte pelos mestres da Lei por ter ressuscitado Lázaro. Disseram eles: "Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”.

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3. De fato, quem tem o coração fechado para Deus nem o mais sublime milagre poderá abri-lo; mas, nem por isso o Senhor deixa de manifestar a Sua Santa Vontade por meio de Sua Divina Misericórdia, que, como escreveu São Paulo, "superabunda onde o pecado abundou." (Rm 5,20).

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4. Uma mística inglesa do Sec. XIV, Juliana de Norwich, no seu livro "Revelações do Amor Divino", cap. 32, escreveu: "O nosso bom Senhor disse-me certa vez: «Todas as coisas vão acabar em bem»; e doutra vez disse-me: «Verás que tudo acabará em bem». Com estas palavras, a minha alma percebeu que Ele quer que saibamos que dá atenção, não somente às coisas nobres e grandes, mas também às que são humildes, pequenas, pouco elevadas, simples. É isto que Ele quer dizer quando declara: «Tudo, seja o que for, terminará em bem».

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5. "Porque neste mundo raciocinamos de forma tão cega, tão baixa, tão simplista que nos é impossível conhecer a sabedoria elevada e maravilhosa, o poder e a bondade da Santíssima Trindade. É como se Deus nos dissesse: «Tende o cuidado de acreditar e confiar em Mim, e no final vereis tudo na verdade, e portanto, na plenitude da alegria».

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6. Eis o comentário de Mons. Ângelo Spina: "No Evangelho de hoje, assistimos a uma conspiração contra Jesus, depois de ele ter ressuscitado o seu amigo Lázaro. Ao ressuscitar Lázaro, Jesus revela que Deus está do lado da vida e é o Senhor da vida. Este sinal gera fé em muitos, mas noutros gera medo, e "medo" é a palavra que afasta a mudança, fecha o coração e cria álibis. 

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7. É por isso que surge neles a pergunta: "Que havemos de fazer? Este homem faz muitos sinais! Se o deixarmos fazer isso, todos acreditarão nele e os romanos virão destruir o nosso lugar santo e a nossa nação! São estas as deduções que tiram de um acontecimento prodigioso! Temem que todos acreditem em Jesus e que esses prodígios e a fé nele sejam a causa de uma derrota nacional total. 

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8. Para defender um sinal que eles transformaram em ídolo, os chefes do povo rejeitam a novidade do sinal que Deus lhes oferece: o sinal da salvação. Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: "Vós não entendeis nada e não considerais que é melhor que morra um só homem pelo povo e não pereça toda a nação".

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9. Mais tarde, o evangelista João consegue captar nas palavras de Caifás, um profeta que ele não conhecia, e no pronunciamento do veredito de morte uma verdade dolorosa e escondida: a morte de Jesus será um gesto de amor e de salvação e romperá as fronteiras da primeira aliança, abrindo-as a todos os filhos de Deus. 

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10. O Deus fiel não pode negar-se a si mesmo, não pode negar-nos, não pode negar o seu amor, não pode negar o seu povo, não pode negar porque nos ama. Esta é a fidelidade de Deus. (Monsenhor Angelo Spina, Arcebispo de Ancona - Osimo). 

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.