O JESUS DO MORRO E DOS PALÁCIOS

O JESUS DO MORRO E DOS PALÁCIOS

No morro a simplicidade da fé, nos palácios a dificuldade da confissão. No morro, o homem simples está sempre disposto em confessar seus erros, se arrepender e buscar a Deus pelo perdão, por entender das consequências eternas. Nos palácios, não é que falta arrependimento, ou talvez, funcione melhor dizer que há remorso. Aqueles que se dizem sábios, intelectuais, tem vergonha de se render ante a incredulidade em si mesmo, uma vez que não teve tempo de olhar-se no espelho da alma, contaminado, pelas imundices da vida vivida, solitária de um espírito abatido. Juízes, cuja sentenças injustas, subtraíram dos mais simples o pouco que era reclamado. De um lado a pobreza financeira, de outro lado a pobreza espiritual; por um lado a vergonha de ter errado, por outro lado a falta de vergonha por praticar a iniquidade. O mesmo Jesus do morro é o Jesus dos palácios. O que difere, é que muitos intelectuais gostam de fazer juízo sobre a religião, via de regra, julgando ser coisa de pobre, de gente de pouca cultura, pouco conhecimento – “ópio do povo” como apregoou Karl Marx. Quando encontram pessoas ricas que são religiosas, as julgam como prevalecentes sobre os mais simples. Ledo engano! Pergunto: quem são os intelectuais? Talvez fosse a resposta: “aqueles que produzem pensamentos, ou que vivem exclusivamente de seu intelecto”, ou talvez, aquele que se dedica em sustentar uma ideia até então pouco explorada ou conhecida, contestada ou não. Certo é que suas obras podem merecer atenção pelo grau de conhecimento, contudo, quando se fala de “produzir pensamento”, o mais simples pode ser também incluído, afinal é um ser pensante, logo também, na sua escala, alguém que produz pensamentos. Para melhor entendimento sobre o Jesus do e dos palácios, citamos um exemplo: Certa ocasião, me foi necessário justificar a ausência de uma audiência no Tribunal de Justiça frente a um desembargador. Para tanto, foi apresentado um atestado de que naquele dia, estava fazendo provas no Seminário Teológico no Rio de Janeiro. Tendo aceitado a justificativa, prevaleceu do encontro, já que se tratava de um seminarista, disse: “eu preciso de ajuda...”, ele enfrentava uma crise existencial, espiritual, que o angustiava... Fiquei surpreso, porém feliz em poder ajuda-lo na sua angústia – ele precisava crer que o Jesus que dava segurança e alegria aos pobres, era o mesmo Jesus – diz a palavra: “com o coração se crê, e com a boca se faz confissão” – arrependimento e fé, pois que, os impossíveis pertencem a Deus. A nossa razão pode nos conduzir até certo ponto em que ela não é mais suficiente para dar uma resposta. Diz a palavra: “Deus é espírito, e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Logo, se diz que é uma experiência essencialmente espiritual (depende de ter fé), sendo em espírito e em verdade, qual seria a verdade? Essa foi também a pergunta de Pilatos a Jesus. Disse Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida...”. Nesse sentido é que a Bíblia é a Palavra de Deus, é preciso ser lida com os olhos da fé, na dependência do Espírito de Deus e, não para explicar quem é Deus, mas se render pela fé, passar a experimentar o que os mais simples entendem e vivem a sua fé. “...Jesus exultando no Espírito Santo exclamou: “Ó Pai, Senhor do céu e da terra! Louvo a tí, pois ocultaste estas verdades dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos...” (Lc 10.21) Diremos nós: quem é o sábio? Esse é o Jesus do morro e dos palácios, tanto lá como cá, a sequidão espiritual é a mesma. Remorso não resolve, confissão, sim!