O servo fiel
Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mateus 25:21.
1. Introdução. Conceito de fidelidade. O exemplo de Deus.
A fidelidade é um dos grandes princípios bíblicos que deve nortear a vida de todas as pessoas. Não apenas de crentes, mas de todas as pessoas. O infiel é detestável e objeto da crítica coletiva.
A palavra fidelidade significa: Qualidade de fiel; lealdade; Constância e firmeza nas afeições e nos sentimentos; perseverança; Observância rigorosa da verdade; exatidão.
O maior exemplo de fidelidade que temos vem de Deus.
Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. 1 Coríntios 1:9.
Ele é leal à sua Palavra e aos seus princípios, que são imutáveis. O que Ele disse está dito e não será contradito. Ele não volta atrás em sua Palavra.
Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento. Hebreus 6:17.
A Bíblia diz que Ele não é homem para que minta ou se arrependa do que disse. Se falou que faria, Ele fará e não devemos ter dúvidas quanto a isso.
Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria? Números 23:19.
Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente. Isaías 40:8.
Deus é o modelo perfeito, ao qual nós devemos nos esforçar para sermos imitadores.
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; Efésios 5:1.
2. A palavra fiel. A saudação falsa. O exemplo da sulamita. O poder da palavra. A influência dos hebreus no êxodo. A posição da igreja de Laodicéia.
Cada um de nós deve se esforçar no sentido de cada dia se aperfeiçoar um pouco mais nessa questão da fidelidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Efésios 4:25.
Você cumprimenta uma pessoa e pergunta: tudo bem? E ela responde: tudo, a gente precisa dizer que está tudo bem, para ver se fica mesmo tudo bem.
Não, meus queridos, isso não é verdade. Somente devemos dizer a verdade. Devemos ser fiel à realidade. A mentira, ainda que com boas intenções não se transforma em verdade. A mentira é do diabo.
Se eu disser que está tudo bem deve ser porque acredito que realmente esteja. Nós temos um exemplo formidável nas Escrituras, nesse sentido. É a história da sunamita, registrada em 2 Reis 4:8-37.
Trata-se de uma mulher que tratara o profeta Eliseu com muita hospitalidade e que foi recompensada por ele com a bênção divina de um filho. No entanto, após crescido, o menino veio a falecer no colo de sua mãe. Esta então o deitou na cama do profeta e foi se encontrar com ele. Ao avistá-la ainda de longe, Eliseu chamou o seu servo Geazi, dizendo: Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem.
Mas quando chegou junto de Eliseu ela explicou toda a situação. E Eliseu foi com ela e ressuscitou o menino, devolvendo-lhe a alegria da vida.
Se pensarmos de conformidade com o que estava visível, essa mulher não estava dizendo a verdade. Como poderia tudo estar bem, se o menino estava morto? Mas a resposta dela não era em função do visível, mas em função de sua fé. Ela acreditava que tudo seria resolvido. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Hebreus 11:1.
Verdade ou mentira, a palavra é poderosa. Devemos ter cuidado com o que falamos. Há uma frase de autoria desconhecida que diz assim: As quatro coisas que não voltam para trás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado.
As coisas que nós falamos deixam marcas, boas ou ruins. Se as marcas forem ruins, depois de feitas, não importa quantas vezes você diga que sente muito, elas continuarão lá. Uma ferida verbal é tão ruim quanto uma ferida física.
Devemos ser pessoas de uma só palavra. Pessoas constantes, firmes, fiéis. Assim, conquistaremos o respeito e a confiança dos demais. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Mateus 5:37.
A saída dos hebreus do Egito e sua viagem até a Palestina nos oferecem muitos exemplos da inconstância desse povo. Ele gemia diante do egípcio, mas ao iniciar a retirada, a cada dificuldade surgida, reclamavam e reclamavam.
Quando estiveram entre o mar e os exércitos egípcios disseram: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Êxodo 14:11.
Em Refidim, no deserto de Sim, onde não havia água, os hebreus disseram a Moisés: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e aos nossos filhos, e ao nosso gado? Êxodo 17:3.
Nem sempre é fácil manter a palavra, mas devemos nos aperfeiçoar nesse sentido. Aquele que não tem firmeza é como uma água choca, um refrigerante sem gás. É uma bebida que não dá prazer. Essa, inclusive, é a mensagem de Jesus à igreja de Laodicéia. Assim diz a Palavra: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Apocalipse 3:14-16.
3. A ação fiel. A ilustração de Jesus. A fé sem obras. A condenação dos hipócritas. A responsabilidade dos mestres. As pedagogias do gogó e do exemplo.
A nossa palavra deve ser seguida de ação. Deve ser uma palavra que produz eficácia. Uma palavra de resultados.
Vejamos essa pequena ilustração que Jesus fez em uma conversa com os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo, registrada por Mateus: Que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Mateus 21:28-31.
Se a nossa palavra não é secundada por ações concretas, ela só serve para atestar a nossa infidelidade. Não é por acaso que Tiago declara que a fé sem obras é morta.
Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. Tiago 2:20-24.
Ai de vós! Foi assim que Jesus predefiniu o destino dos doutores da lei que se assentavam na cadeira de Moisés.
Ai de vós também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas. Lucas 11:46.
Há muita gente no mundo querendo ensinar caminhos para outras pessoas. Ensinar é uma grande missão. Mas é preciso que aqueles que desejam ensinar, saibam que lhes será cobrado maior responsabilidade.
Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Tiago 3:1.
A primeira responsabilidade que recai sobre o mestre é a de praticar os próprios ensinamentos. Aquele que sabe que deve fazer e não faz comete o pecado da omissão. Pecado não é coisa de Deus. Pecado é do maligno. Portanto, o que comete o pecado da omissão não está servindo a Deus.
Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. Tiago 4:17.
A pedagogia do gogó não é uma prática fiel. É uma prática hipócrita. Devemos ensinar aquilo que estamos praticando. Podemos não estar conseguindo fazer cem por cento, conforme manda o figurino, mas dia a dia estamos nos esforçando para fazer. Esse é o comportamento que se espera de um servo fiel.
O mau exemplo será rigorosamente punido. Aquele que manda fazer de um jeito, mas ele próprio faz de outro, é uma pessoa que incentiva a desobediência com o seu comportamento e que atrai escândalos para igreja, fazendo com que os mais simples e menos preparados desanimem do prosseguir na carreira cristã.
Jesus disse aos seus discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!
Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos. Lucas 17:1, 2.
4. A recompensa do fiel. A motivação do interesse. Os servos. O acordo entre Deus e os homens. A esperança da salvação. Conclusão.
Com raras exceções, o que move uma pessoa para agir é a recompensa, o resultado. A meu ver sempre haverá um interesse pessoal subsidiando nossas ações. E isso não está errado. A Bíblia diz que o próprio Jesus tinha um interesse pessoal quando deu a sua vida por nós.
Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2.
O interesse é a nossa motivação. O servo não serve simplesmente pelo prazer de servir. Ele pode ter esse prazer, mas antes disso ele deseja proteção e cuidado.
A figura dos servos surge na idade média. Eles eram pessoas que se ligavam aos grandes proprietários (os senhores feudais) em busca de proteção. Normalmente, eram pequenos proprietários de glebas de terras situadas nas proximidades dos feudos. Como não tinham condição de se defenderem sozinhos em caso de ataque, juntaram-se aos senhores feudais. Em troca dessa proteção ofereciam seus serviços. Nos tempos de paz trabalhavam uma parte de seu tempo nas terras do senhor feudal e nos tempos de guerra ajudavam na guerra. Não eram escravos e não podiam ser vendidos pelos seus senhores.
Nós também servimos a Deus por um interesse pessoal: a salvação de nossas almas. Queremos essa proteção. E aqui também firmamos um acordo com Deus. Nós, como pessoas livres, RECEBEMOS JESUS COMO SENHOR; E DEUS, COMO PAI, NOS RECEBE COMO SE FÔSSEMOS SEUS FILHOS.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. João 1:12,13.
A partir desse acordo de vontades, cabem aos servos executar as missões que lhe forem designadas pelo seu Senhor, no caso, Jesus Cristo, o Deus Unigênito. E ao final da jornada, quando todas as missões tiverem sido cumpridas, o servo fiel comparecerá diante do Senhor e ouvirá dele a mensagem de boas vindas ao reino celestial. Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Mateus 25:34.
Quem de nós não aguarda com ansiedade o dia desse grande encontro com o Senhor Jesus? O dia em que Ele fará a avaliação do trabalho de nossa vida? O dia em que esperamos receber dele esse brado de boas vindas?
Acredito que todos nós temos essa grande aspiração, pois certamente conduzimos nossa vida na expectativa de um dia ir morar no céu com Nosso Senhor Jesus Cristo. Viver aqui na Terra, pode não ser tão ruim, mas viver com Cristo, no Céu, será muito melhor, diz a Palavra de Deus.
Que todos nós possamos cumprir com eficiência e fidelidade as missões que nos têm sido confiadas por Deus, para que, ao final da corrida, possamos dizer com Paulo: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 2 Timóteo 4:7.