UMA BENÇÃO CHAMADA: DIFICULDADE

Quando lemos as profundas reflexões bíblicas de Provérbios 16.4 "O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.", podemos entender apressadamente que Deus está nos dizendo através da pena do sábio que Ele fez o ímpio para sofrer e o justo para ser agraciado de bençãos. Porém, em Efésios 6.13 somos orientados: "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Logo, o dia mal foi feito para nós e o ímpio é apenas um dos instrumentos que Deus utiliza para tornar o escolhido dia em mal ao nossos olhos a primeira vista.

Dia mal, dia das trevas, dia da adversidade, dia de luta, de angústia e dor. Sim, Deus marcou no calendário de nossas vida dias assim e não são poucos: "Porém, se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos." [Eclesiastes 11.8] Nossa visão dualista separa o caos do cosmos, porém para Deus o caos é apenas a matéria prima sobre a qual ele cria o cosmos. "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas." [Isaías 45.7] "Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;" [Salmos 139.12]

Na verdade, aos olhos de Deus aquilo a que chamamos de dificuldade chama-se oportunidade. O que chamamos caos Deus chama de oficina de trabalho. O que chamamos dor Deus chama instrumento de aparar arestas. O que chamamos deserto Deus chama Unidade de Tratamento Intensivo. Somos simplistas e preguiçosos demais para deixarmos nossa zona de conforto e ir até onde Deus quer nos levar, traçamos uma linha reta do hoje até onde nossos sonhos alcançam e esquecemos que o melhor da vida não é ter as bençãos divinas mas merece-las. Dessa forma forçamos Deus a apertar os botões da correção no curso de nossa vida e isso passa necessariamente pelo vale do sofrimento. Deus lança em nosso caminho os obstáculos a quem denominamos dificuldades desviando nossa tão bem planejada estrada reta para um caminho muito mais criativo e desafiante.

Sim Deus cria as dificuldades para nosso próprio bem. Sempre que enxergarmos isso veremos que nosso adversário não cria nada neste mundo além de fantasias em nossa cabeça. Deus não tira férias Ele ainda está no controle do universo. Nada do que se passa nesta vida debaixo do sol escapa ao crivo de sua soberania criativa. Dê uma olhada na vida de Jó. O homem mais rico e bem sucedido do mundo em sua época tinha tudo menos a benção da comunhão pessoal com Deus. A inveja do diabo foi tamanha que o acusou perante Deus de servi-Lo por interesse para ver Deus provar Jó. O que o diabo não sabia era que Deus iria usá-lo para preparar o caminho para a maior benção que queria dar a seu servo. Jó balançou é verdade mas sua fidelidade ficou eternamente atestada pela célebre frase: "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra." [Jó 19.25] Os amigos de Jó viam em sua desgraça sinal de pecado. Na verdade Deus havia posto seu servo no torno da doença e desferia certeiros golpes com o martelo das adversidades para preparar Jó para uma nova dimensão de vida: "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos." [Jó 42.5] Imagina se Deus aparece a Jó ao vivo e em público em um redemoinho demonstrando seu pessoal interesse em manter comunhão com ele quando este estava na maior benção e prosperidade. Talvez Jó fosse endeusado e beatificado a Papa daquela gente, tornando-se um homem vazio que doutrinaria o povo pela experiência mas perderia a essência pois Deus não divide com ninguém a Sua Glória. Depois da prova, ele pode receber esta benção e ainda receber o dobro em prosperidade que não caiu da presença de Deus. E para quem pensa que Deus provou demais a Jó ouça esta frase também imortal do patriarca fiel: "Ainda que Ele me mate, nele esperarei;" [Jó 13.15]

Aliás este é o segundo motivo pelo qual Deus permite as adversidades sobre nós: Para nós nos conhecermos melhor. Já disse outra vez mas torno a frisar que "o forte não é o que detém poder ou força mas o que conhece o seu limite". Bernardinho, o mais brilhante treinador de volei que o Brasil conheceu até hoje defende em seu livro "Transformando suor em ouro" que a missão de um treinador é basicamente levar cada jogador a trabalhar e suar muito, com uma dedicação que não raro exige sacrifícios, e tentar esticar a corda até o limite que cada um imagina ser o seu. Engraçado ou não, é isso que Deus faz conosco. Porém como é Onisciente Ele sabe que o homem vai longe depois de estar cansado, ou seja, Deus conhece até onde podemos suportar e precisa esticar a corda ao máximo sob pena de permitir que seus filhos vivam uma vida aquém de seu próprio potencial. Este é o método que Deus usa e tem que usar para desenvolver-nos. Se Deus não permitisse as adversidades estaria nos privando de utilizar o potencial de superação que Ele mesmo nos deu para nosso crescimento em todas as áreas de nossa vida. É poristo que as adversidades nos assaltam em todas as áreas de nosso viver, porém Deus nunca nos dá tarefas impossíveis Ele conhece como ninguém os nossos limites. Quando entendemos isso passamos a agradecer a Deus com sinceridade pelas lutas e adversidades que nos sobrevem não com hipocrisia ou falsa humildade mas com a fé de que podemos todas as coisas Naquele que nos fortalece. Sabendo que o que chamamos de dificuldade é apenas mais uma benção divina, que de alguma forma, em algum tempo irá reverter para nosso bem.

Jesus não aprova seguidores que o servem pelo pão que dEle recebem. [João 6.26] Jesus não veio para tornar a vida fácil a seus servos, Ele mesmo avisou que no mundo teríamos aflições. Porém essas ditas dificuldades na verdade são a oportunidade dEle para nós dar o máximo de nós mesmos e merecer a vitória. A vitória é certa mas não basta levantar o troféu é preciso ter moral suficiente para como Filho de Deus dizer: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé." [II Timóteo 4.7]

A propósito você sabe a diferença entre vitorioso e vencedor. O exército vitorioso é aquele que se lançou a uma batalha e só então procurou a vitória. Já o vencedor é aquele que quando entra na batalha esta já está ganha ele só vai formalizar a vitória. Nós por Jesus Cristo: "... somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou." [Romanos 8.37] Quando nada dá certo, e até suas mais altruístas atitudes são mal interpretadas, busque a direção divina mas não desista. Quando você não apenas se sente, está só de fato lembre-se que nosso General é fiel e não nos desampara, prossiga. Quando todos a sua volta voltarem a trás amendrontados, avance é hora de Deus operar um milagre através de você. Quando a doença, a crise e a frustração alcançarem você, agarre-se ao escudo da fé e enfrente. Quando tudo parecer estar contra você, busque a Deus com humildade e levante a cabeça. Quando o silêncio de Deus for duro e duradouro atravesse esta noite espiritual batalhando lealmente a Seu General, ao amanhecer junto com o sol Seu Redentor se levantará sobre a terra. Quando a batalha for tão ferrenha que até você duvidar que conseguirá vencer, marche! É Deus dizendo a você que seu limite de resistência espiritual está mais longe do que você imagina! Confie Nele, marche, lute, faça por onde, mereça a vitória!

Quem via o Filho de Deus subindo como raiz de uma terra seca ao calvário não via nEle beleza nem formosura nem alguma boa aparência para que o desejasse. Quem o via sendo desprezado pelos soldados e rejeitado entre os homens, só via nEle um homem de dores, experimentado nos trabalhos e desprezado. Até tinha vontade de esconder o rosto e não fazer dele caso algum. Afinal, parecia que não passava de um aflito, ferido de Deus, e oprimido. Quando pregaram seus pés e mãos o oprimiram e o afligiram, Ele não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim Ele não proferiu nenhuma reclamação. Mas quando já na cruz deu o brado de vitória, percebemos que nem a cruz nem a morte poderiam tirar-lhe a vida, mas Ele de si mesmo a deu por nós e tornou a tomá-la. [João 10.17] Mostrando-nos que por mais dolorosa que nos pareça a cruz não foi um acidente mas um ato de vontade do próprio Cristo que a si mesmo se entregou pelos pecadores. Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Agora resta a nós sermos fortes nEle, sabendo que o mais doloroso cálice Ele já bebeu por nós. Façamos a nossa vitória valer a pena, não buscando o sofrimento mas enfrentando todas as dificuldades que se apresentarem em nosso caminho com fé e coragem e assim, Nosso Redentor: "Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito" [Isaías 53.11]

Heleno Pedroso
Enviado por Heleno Pedroso em 07/07/2012
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