O Senhorio de Cristo
O homem foi criado em cumprimento de um plano divino que visava a convivência harmônica entre Deus, ele e o universo criado para o seu conforto e bem-estar. As relações entre os três elementos (Deus, homem e universo) seguiriam uma lei muito simples de compreender: se o homem se submetesse ao suave jugo divino, acatando e seguindo as sábias e corretas orientações de Seu Plano, viveria eternamente; caso contrário, fatalmente morreria (Gn 1:26-30; 2:8, 9, 15-18; Mt 11:29, 30).
Então o Deus eterno, a Santíssima Trindade constituída pelo Pai, Filho e Espírito Santo planejou e criou o homem e o universo. As fórmulas da criação eram por demais complexas e, embora reveladas na própria obra, somente seriam descobertas pelos homens através de um efeito dominó, uma coisa levando a outra, na medida em que as primeiras fossem sendo cumpridas (Gn 1:1, 26; Rm 1:19-20; 1 Co 2:7; Cl 2:2, 3; Dt 29:29; Jo 13:17).
O homem jamais conheceu todo o plano de Deus. Como bem disse Shakespeare, “há muito mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”. Assim como o céu é mais alto do que a terra, assim também são os pensamentos de Deus em relação aos nossos pensamentos. Sócrates foi considerado o mais sábio dos gregos simplesmente porque admitiu que tudo o que sabia é que nada sabia. Paulo escreve aos coríntios dizendo que “se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber”. Quem conhece o plano de Deus é o Espírito Santo de Deus. E o homem, por mais sábio que seja, somente vai conhecer os mistérios de Deus quando Ele decidir revelar-lhe. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (Is 55:8, 9; 1 Co 8:2; 2:11, 14).
Mas Satanás julgou conhecer o plano de Deus; admitiu a possibilidade de não somente ele, mas também do homem poder ser igual a Deus. E ambos caíram exatamente por isso. Deus somente é Deus porque está acima de tudo e de todos (Is 14:14; Gn 3:1-6, 22-24; Sl 113:4; Ef 4:10; Sl 135:5; Is 14:12; Dn 5:21).
A ordem estabelecida no plano de Deus e já revelada é Deus – homem – universo. O universo deve estar sob o jugo do homem e este sob o jugo divino. Essa é a sequência da vida. Quanto às demais sequências possíveis, não quero dizer que todas possam conduzir à morte. Isso, porém é o que tem mais probabilidade de acontecer, sempre que nos aventuramos pelo desconhecido. Deus sabe o que é melhor para nós; o homem acha que sabe o que é melhor para ele. A fórmula da vitória é a da submissão ao jugo divino (1 Co 11:3; Mt 11:29, 30; Sl 42:7; Pv 14:12; Hb 12:10, 11; Pv 16:1; Tg 4:15).
Seguindo um “achismo” de seus próprios pensamentos e sob orientação alienígena, o homem rompeu os laços com o Senhor, provocando um desequilíbrio universal que acreditara não fosse ocorrer. Todos estão pagando e sofrendo por causa isso: Satanás, a humanidade e o universo.
Todavia, Deus também previra em seu plano que a queda ocorreria e que o homem buscaria conduzir sua vida conforme os seus próprios pensamentos. E para tanto, a Santíssima Trindade, ainda naqueles tempos eternos, antes que o mundo fosse mundo, igualmente preparou um plano alternativo de salvação para aqueles que desejassem se submeter voluntariamente ao senhorio da divindade. E assim está acontecendo. Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus veio ao mundo para ser o Senhor dos judeus, o povo que Deus escolhera em Abraão para servi-Lo. Todavia, ante a rejeição destes, Ele estendeu o plano a todos quantos o quisessem receber nessa condição. E àqueles que optaram por servi-lo Ele os recebeu pela adoção como se filhos fossem (Gl 4:4; Ef 1:3-5; Jo 1:11, 12).
E desde então os homens têm buscado adequar-se novamente aos padrões divinos da criação, que tem em Deus, o Senhor e, no homem, o servo. Muitos têm tentado, poucos têm conseguido. E a razão do fracasso é simples. Tais pessoas têm aceitado a Jesus como Salvador, mas não o tem recebido como Senhor de suas vidas. Querem-no como Salvador, mas também querem continuar no comando, por cima das “mais altas nuvens”, como se fossem seus próprios senhores. Esse foi o pecado de Satanás; esse foi o pecado dos reis; esse foi o pecado do homem. No plano da criação o homem não é o seu Senhor. Qualquer pensamento contrário a esse é total rebeldia contra Deus. Deixar de reconhecer a Cristo como o Senhor é o maior pecado que se comete contra Deus, porque foi Ele que colocou Jesus, seu Filho Amado nesta posição. E vale dizer que a salvação do homem está condicionada a essa atitude servil. É salvo aquele que escolhe servir a Deus de boa vontade, de todo o coração e de toda a alma, sem constrangimento, como se obrigado fosse, sem pensar em recompensas, em prêmios e na própria salvação. Esta é como um prêmio que Deus dá àqueles que o escolheram e não depende de nada mais além da vontade do próprio Deus, embora somente são salvos aqueles que optaram por servi-lo, porque esse é o plano imutável do Senhor Deus. Mas poderia acontecer que mesmo tendo optado por servir a Deus, ainda assim alguns poderiam não ser salvos, porque Deus assim o quis. E isso estaria fora de discussão já que ninguém tem direito à salvação, sendo ela uma dádiva de Deus. Todavia, não é assim que tem acontecido. Deus tem dado a salvação a todos aqueles que se submetem ao senhorio de Cristo sobre suas vidas. Desse modo, se assim procedermos, podemos e devemos ter fé de que seremos salvos por Jesus e entraremos na glória de Deus (2 Co 4:5 (Senhor; servos); Rm 10:9 (confessar Jesus como Senhor); Jo 6:68 (Senhor...); Mt 20:1-15 (liberdade para fazer o que quiser com o que é seu); Tg 1:17 (Deus imutável); Jo 1:12 (a todos que o recebem como Senhor); Hb 11:6 (Ele é galardoador dos que o buscam)).
Alguns tem achado que podem mudar o curso dessa história; que não precisam se submeter integralmente ao Senhorio de Cristo, que basta reconhecer que Ele é o Senhor. Ora, minha gente, até os demônios sabem que Jesus é o Senhor. Todavia, não o obedecem, não fazem o que ele manda, não o reconhecem com o SEU SENHOR. E por isso não serão salvos. Pois uma coisa é certa: todos os salvos estão entre aqueles que se submetem ao senhorio de Jesus. O discípulo é aquele que faz o que o Seu Mestre ensina; o servo é o que faz o que o Seu Senhor manda. Alguns alegam que Jesus não nos trata como servos, mas como amigos. Sim! É verdade! Porém, isso não muda as coisas: embora sejamos tratados pelo Senhor como se fôssemos seus amigos, ainda assim continuamos sendo seus servos (Mt 7:21; Lc 6:46; Jo 15:14, 15; (Amigos e Servos)).
Se o Senhor é muito bom e nos dá além do que nós merecemos, isso deve ser um motivo ainda maior para que nós nos coloquemos sob o seu comando, submetendo-nos ao seu senhorio e colocando-nos à sua disposição para sermos instrumentos ao seu serviço. Nosso Senhor não é um carrasco, mas um bondoso Senhor. Ele não coloca em nossas costas um fardo além de nossas forças. Se o fardo está muito pesado, provavelmente estamos carregando um fardo extra que nós mesmos ou outro alguém colocou em nossas costas. Ele deseja que nós o sirvamos com alegria e sem sofrimento. Por isso, o seu fardo é leve e o seu jugo, suave. Grande e Bondoso é o Senhor a quem servimos. Aleluia! (Mt 11:28-30; Sl 100:2; 145:9).