QUE TAL VOLTAR AO INÍCIO DO EVANGELHO DE JESUS?
Que tal voltar ao início
Do evangelho de Jesus
Deixar de lado a vã glória
Assumir a sua cruz?...
Sr. Capitão, segura a
Tua onda, que ai dentro
Tem um brother meu
Falando da sua vida
E declamando em poesia
Todo o seu dilema
Na presença de Jesus.
Lá dentro tem pão e vinho
É noite de santa ceia
Tem até umas brejas
E um nóia, meu amigo.
Mas segura,
Não tem perigo
Que na presença de Jesus
É impossível ficar
Chapado, violento ou drogado
Pois até o lá de baixo
Diante dele é exorcizado.
Perdoe-me, Sr. Douto
Se isso te escandaliza
Se lá dentro dessa casa
Um antro de perdição
Tem bandido e prostituta
Viciado e picareta.
E que Jesus é assim mesmo
De tal modo irreverente
Mas nunca de modo
Algum, temeu comer com a gente
E até quando precisou
Transformou a água em vinho
E a festa continuou
Pela noite, o seu caminho.
Sr. Douto, me perdoe
Sei que o Senhor é cristão
Tem até antes do nome
O título de reverendo
Detesta todo o pecado
Nunca fumou baseado
E sequer olhou prá gente.
Mas hoje é noite de festa
No beco do alemão
Jesus sentou na calçada
Prá prostituta deu a mão
Falou que Deus é amor
E que ele, Jesus, é o caminho
Revelou pra Madalena
Que antes do sexo é o carinho...
Mas veja, Sr. Douto,
A atitude do irmão
Que passou pela calçada
E contemplou a situação.
Pensou: “- Meu Deus, que é isso?
Que descaramento total
Em plena luz do dia
Esse agarramento geral
A meretriz Madalena
Traz mais um pro seu
quintal.”
E nem sequer percebeu
Que a luz que lá brilhava
Não era a luz do sol
Mas a que Jesus irradiava.
Jesus ainda almoçou
Na casa de João o aidético
Jogou bocha, empinou pipa
E riu para mais de metro
Quando caçando na restinga
O caranguejo mordeu o Beto.
Ah, Douto. Como dói ser
Tachado pelo irmão
Que nunca sofreu na vida
E nunca faltou-lhe o pão
E nunca vendeu o corpo
Por um prato de comida.
E diz que nunca pecou, nem sabe o que é isso.
Vive só para a igreja, orando e cantando hinos.
E nem sequer percebeu quando morreu
O Laurindo, vizinho de sua casa
Na enchente do ribeirinho.
E até orou na igreja:
“- Senhor, muito obrigado.
Se hoje eu estou vivo é porque
Não tenho pecado.
Não sou como aquele
Pecador,
Infeliz e desgraçado
Que morreu naquela enchente
Por estar embriagado”.
Mas hoje,
Sr. Douto.
Hoje é Dia de Festa.
Eu deixo o irmão na igreja
Que no meu bairro tem festa.
É que Jesus lá está
Perdoando o pecador
Resgatando os viciados.
Trazendo nova esperança
Para um pai embriagado
E mostrando praquela gente
Que ser, de fato, cristão
Não é só viver de hinos
Jejuns, homilia e oração
Mas é estender a mão
E salvar a quem precisa
Pois diante do Senhor,
Só o amor lhe interessa.
Que tal voltar ao início
Do evangelho de Jesus?
Moses Adam
Ferraz de Vasconcelos, 2912/2009
Apenas um sonho não revisado...