Eita Tempo Bom...

Saudade, somente saudade de um tempo remoto onde se andava léguas a pé para chegar no destino almejado. Bons tempos, lembrança de criança. Era uma festa quando falava que ia

para Minas Gerais.

Só de pensar que teria que descer na estrada para chegar na casa da fazenda tudo era alegria para todos que ia seguir, realizar nova viagem. Ao descer do ônibus lá de longe visualizava a

casinha toda rosa.

Parecia até pequena pela distância. Com mala, sacola e coragem iniciava assim a longa caminhada.

Varias porteiras tinha que ser aberto, uma a uma mas tudo era feito ao som de cantoria, músicas, em especial a:

Por essa longa estrada da vida vou correndo e não posso parar e assim por diante.

A cada passo se aproximava da casa da fazenda, onde vários animais principalmente boi, vaca,

cabras, cavalos olhavam desconfiado para aquele grupo desconhecido. O ranger de cada porteira era uma euforia tamanha.

Quando a tia aparecia na varanda toda sorridente acenava pela chegada do pessoal da cidade.

Café feito no fogão de lenha, biscoito, bolo de fuba, broas, queijo, leite fresquinho era oferecido com tanta felicidade que o coração até estremecida pela harmonia de uma

conversa para colocar o bate papo em dia.

Tanta novidade que o dia depressa corria.

Café da manhã, almoço, café da tarde, jantar.

Tudo preparado com amor, carinho.

Depois de lavar as vasilhas numa bacia.

Todos se aconchegavam em volta do fogão.

Causas, contos, estoria de assombração eram contadas.

Todos prestavam a maior atenção.

Um pegava sanfona, outro a viola.

Dupla perfeita para uma bela canção.

De repente um vizinho aparecia com seu violão.

Iniciava assim nova cantoria,

conversação.

Todos queriam tomar conhecimento da cidade grande.

Já que na fazenda a luz provinha de um lampião,

Combustível era a querosene, eita tempo bom.

O banho era de bacia com água quentinha

Que vinha da serpentina instalada no próprio fogão.

A conversa se encerrava lá pelas vinte horas.

Despedida com até amanhã, boa noite.

Colchão de palha, barulhento como só.

De madrugada tudo se iniciava para um novo amanhecer.

Aroma de café espalhava pelo ar.

Benção aos tios era primordial, sinal de respeito sem igual.

Devagar o sol aparecia, iluminando com seu brilho matinal.

A anunciar o raiar de um novo dia.

O perfume das flores no ar se espalhava.

O canto dos pássaros parecia orquestra sincronizada.

O cheiro do gado junto a outros animais se misturava.

La fora no terreno como assim era denominado o quintal o serviço continuava. Cada um com

uma função.

Ordem dada com carinho, perfeição.

Lavar roupa era pura diversão.

Agua gelada da bica que vinha de longe ate chegar no tanque

Tres ao todo, um ao lado do outro.

No primeiro para esfregar todas as roupas com sabão de cinza.

No segundo para tirar o excesso de sabão e sujeira.

O terceiro para concretizar a missão.

Muitas vezes era preciso repetir o enxágue com muita dedicação.

Correr pela fazenda, ir na mangueira era pura, ingenua diversão.

Varal de arame farpado que espetava a mão .

Sorriso era permanente em cada rosto.

Face brilhante em sintonia com tudo que acontecia.

Coração batia forte repleto de Gratidão.

Eita... Tempo bom.

Poeta de Deus

05/11/23

10:40 hs

Arisia Bertolo
Enviado por Arisia Bertolo em 05/11/2023
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