Meu cachorrinho

Era um cachorro poodle preto médio de três anos, veio comigo quando eu saí de casa. Foi minha companhia primeira depois da minha separação. Quando vi que não dava mais pra viver onde eu vivia, era hora de procurar outro lugar, e comigo eu trouxe os instrumentos musicais, alguns livros, discos e ele, aquele bichinho que como eu, não era mais desejado ali. Não quero ser dramático mais foi isso mesmo naquele primeiro momento, embora depois tenha havido arrependimento e lamentos de saudade pela nossa ausência, mas o que estava feito estava feito e não tive como mudar. Uns sentem mais, outros menos e nisso de separação deve sofrer mais, quem mais amou.

Era um cachorrinho preto, ágil, quando estava bem peludo e corria, parecia uma ovelhinha. Hoje pela manhã antes de ir para o trabalho, eu ainda o acariciei. Ele estava com onze anos e dois meses.

Minha mulher me ligou por volta das onze e meia me falando dele e quando eu cheguei ele continuava deitado na sala da frente inerte.

O acariciei e o coloquei em meus braços como eu me acostumei a fazer sempre que ele vinha para perto de mim. Estava completamente desmaiado. Tentei, mas foi em vão, ouvir as batidas do seu coração e ele com a língua arroxeada e caída num canto da boca, não mais respirava, apenas senti o cheiro do pêlo dele e toquei suas patas e costelas e o ninei como se faz a um filho que ainda não aprendeu a andar.

Minha tarde foi triste semelhantemente a essa noite agora.

O seu corpo jaz, num terreno ao lado da minha casa.

Ainda continuo com mais três cães que descendem dele, porém nunca pensei que eu fosse sentir tanto a falta daquele meu companheirinho. Ao começar a escrever essas lembranças, não controlo minhas lágrimas.

Russas, 16 de junho de 2014

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 16/06/2014
Reeditado em 17/06/2014
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