Fábio

“O Fábio morreu”. Desde ontem temos repetido esta frase por diversas vezes, embora nenhum de nós gostasse de tê-la escutado ou pronunciado. A morte não é o tema preferido de ninguém, em que pese ser uma realidade pela qual todos nós teremos que passar. A morte é uma ordem de Deus, por conta dos nossos atos de desobediência para com ele (Gn 2:17; Hb 9:27). Ela é fonte de dor, de tristeza e de sofrimento. Ela nos faz ver a nossa finitude, a nossa limitação e a nossa condição parcial de existência neste mundo. Então preferimos falar da vida, da alegria, da convivência, do amor e, principalmente da continuação de tudo na eternidade. Deus pôs a eternidade em nosso coração.

Fábio Eduardo Sales de Sousa foi um jovem alegre e feliz. Nasceu no dia 05 de agosto de 1984. Há poucos dias completou 24 anos de existência. Não teve filhos. Encontrou muitas dificuldades na vida, mas soube superá-las. Ganhou a confiança dos patrões, o respeito dos companheiros, o carinho afetuoso dos pais e familiares e, principalmente, conquistou o intenso amor de Madcléia, a sua “MAD”, companheira e auxiliadora nas lides da vida, ao lado de quem construiu uma família própria e um lar, doce lar. Ninguém duvida de que esses dois jovens foram muitos felizes durante o tempo em que viveram juntos. O amor mútuo superou todos os defeitos e todas as dificuldades. O amor é isso: dedicação total ao outro, sem cobranças e sem imposições.

Diante de tudo o que recebeu o que mais poderia querer esse jovem? E a resposta é a mesma de todos nós. Ele queria viver na plenitude do significado da existência. E graças a Deus, ele também conquistou esse direito.

Disse Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10:10). E disse mais: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou TEM a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24).

Fábio creu em Jesus e em Sua Palavra. Ele ouviu a voz do Espírito Santo falando ao seu coração e foi convencido por Ele de que a sua hora de tomar posse da vida plena que tanto desejara, havia chegado. Ele compreendeu que deveria aceitar ao senhorio de Jesus. Então, no último sábado, após assistir ao culto neotestamentário ele reclamou ao dirigente o seu direito de oportunidade, o qual, naquela noite não lhe fora concedido. O dirigente ainda tentou convencê-lo a deixar para o domingo, porque a reunião já havia acabado. Mas ele não concordou. Disse que precisava aceitar a Jesus como seu Senhor e Salvador naquela noite. Que decisão forte e marcante. Graças a Deus! Essa foi a prova inconteste de que ele era uma das ovelhas escolhidas do Senhor. Ele ouviu a voz do Bom Pastor e não titubeou, fazendo naquela noite de sábado a confissão a respeito da sua salvação (Rm 10:9-10).

Fábio não morreu. Graças a Deus, quem tem Jesus em seu coração, tem a vida, não permanece na morte, porque Jesus é a Vida (Jo 14:6). Pelo contrário, a morte do crente em Jesus é a passagem para a vida eterna, sendo preciosa aos olhos do Senhor (Sl 116:15). Nosso irmão Fábio Eduardo já ultrapassou o Vale da Sombra da Morte (Sl 23) e agora está com o Senhor Jesus, no Paraíso de Deus (Lc 23:43). Não temos dúvidas de que ele irá habitar em uma daquelas moradas que Jesus foi preparar para os seus discípulos depois que esteve neste mundo (Jo 14:1-3).

Com relação à sua partida abrupta, continuo acreditando que Deus sabe o que faz e está sempre querendo nos ensinar alguma coisa, à qual na maioria das vezes, nós conseguimos compreender. É de observar que não discutimos muito a morte de uma pessoa que esteja praticando coisas ruins. Achamos que ela estivesse fazendo por merecer. Às vezes chegamos até a clamar pela pena de morte, em momentos de grande revolta e comoção, para as pessoas que praticam a maldade e a crueldade com os demais.

Por outro lado, não concordamos com a morte de uma pessoa boa, trabalhadora, direita, amiga de todos, ainda jovem, alegre e cheia de vida. Nesses momentos nós nos atrevemos até mesmo a julgar a Deus, ao invés de aprender o que ele nos quer ensinar.

Eu não sei qual seja a lição de hoje. Poderia fazer mil conjecturas, mas não teria certeza de coisa alguma. O que digo então, em face à morte desse nosso querido irmão é que não cometamos o pecado de julgar a Deus por Ele tê-lo levado para os céu. Pelo contrário, sejamos bem-agradecidos por Ele havê-lo livrado do fogo da perdição.

Fábio já está com Deus e Deus já está com ele. Logo, logo, todos os filhos do Reino estarão lá também. E Deus “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4).

Com a eternidade no coração, Fábio viveu nestes últimos dias, bons momentos de prazer, ao lado dos familiares e amigos, legando-lhes uma doce lembrança do seu entusiasmo e de sua alegria contagiante, o que hoje nos leva a pensar em uma despedida. E talvez fosse. Então nós também nos despedimos dele hoje, dando-lhe não um adeus, mas apenas um até breve, na certeza de que logo nos reencontraremos no Reino dos Justos.

Assim, que Deus fortaleça a todos nós, mas, em especial, à Maria Auxiliadora (mãe do Fábio), Antônio Resplandes (seu pai), às suas avós Adeuzuíta e Maria Resplandes e à jovem Madcléia, sua companheira de alegrias. Que Ele preencha o vazio que possa haver nos corações de cada um com o seu amor, a sua esperança e a sua paz. Amém!