Sete mulheres e um destino (parte final) - Is7

Vamos reprisar a pergunta com que fechamos nossa última nota e daí prosseguir em novas considerações.

“Mas alguém poderia neste ponto perguntar: se o ‘joio’ de Laodiceia entrar na tribulação, não seria somente ela a padecer dos 4 castigos catalogados logo acima? O que seria das outras 6 igrejas precedentes (de Éfeso a Filadelfia), visto que a passagem que encabeçamos esta análise afirma que todas as “sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem”?

Algo que devemos enfatizar quanto às sete igrejas de Apocalipse é o fato de que o Filho do homem estava “no meio dos sete castiçais”, “ e os sete castiçais são as sete igrejas”, e as “sete igrejas estão na Ásia” (Ap 1).

Todas estão vinculadas a uma só unidade de Espírito e propósito. Todas formam um só corpo e estão debaixo do mesmo Senhor e Salvador. Isto não quer dizer que ministrem dentro deste mesmo Espírito e propósito, daí a necessidade da repreensão do Senhor para as sete Igrejas e que será motivo profético a partir do segundo capítulo de Apocalipse.

Embora as 7 Igrejas estivessem localizadas fisicamente na Àsia de então, também representam todo o conjunto de todas as denominações no presente tempo (todas as nossas denominações poderiam se enquadrar em alguma das características preditas), bem como também revelam o desenvolvimento do corpo da Igreja pelo tempo, desde a primeira igreja de Éfeso do período apostólico até esta Laodiceia em que vivemos.

A isto podemos somar algumas verdades e exortações esquecidas.

“Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão” (1 Co 10.17).

“Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós” (Ef 4.4-6).

Estas sete unidades – corpo, Espírito, esperança, Senhorio, fé, batismo e Paternidade – são inseparáveis, imutáveis e eternas. O que um sofre, todos sofrem.

“Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo... Para que não haja divisão no corpo... De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam [observe que somente se regozijam, mas não são honrados juntamente] com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular” (1 Co 12.20-27).

Mas agora vamos passar a outra figura muito conhecida do passado que nos servirá de ilustração desta unidade cheia de responsabilidade.

Quando o imperador máximo de Babilônia sonhou com uma estrutura edificada por 5 materiais diferentes em 5 estágios interligados e sequenciais no tempo – ouro, prata, bronze, ferro, ferro e barro – “uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro” (Dn 2.34-35).

A sequência longa de impérios que começa com o ouro nobre de Babilônia terminará quando da última reunião de povos e línguas debaixo de um ditador-democrático representado pelo ferro e barro. A mistura e corrupção ficam patentes pela diferença do material que tenta se unir artificialmente “em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro” (Dn 2.41).

E assim como toda a estrutura é atingida e esmiuçada pelo ataque feito ao final dos tempos dos gentios pelos pés da imagem, também a caminhada do cristianismo em suas sete representações sequenciais será abruptamente interrompida pela retirada do ‘trigo’ de entre ‘joio’. Laodiceia não agrega dois tipos diferentes de matérias como a parte final da estátua, mas um mesmo material sob temperaturas diferentes – a mornidão da mistura do quente com o frio – levando à náusea e sua consequente expulsão pelo castigo do Filho do homem – “vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3.16). O fermento dos modernos fariseus chegou ao limite da fermentação.

Quando da retirada do ‘trigo’ pelo seu chamado aos ares, ficará patente o julgamento de Deus sobre todo o corpo da Igreja – do ‘trigo’ de todos os tempos, pois seu testemunho será interrompido pela sua mistura morna; e do ‘joio’ de todos os tempos que só tinha a forma de piedade, pois experimentará os mais duros juízos de Deus.

Começamos este assunto pela passagem de Isaías 4.1 que voltamos a reprisar:

“E sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos do que é nosso; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio”.

Findamos com outras duas que – ‘coincidentemente’ – também se encontram na mesma numeração de capítulo e versículo, e que revelam o destino dos que sobem e dos que ficam.

“Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás” (Hb 4.1).

“Depois destas coisas [da menção profética das 7 igrejas], olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer” (Ap 4.1).

Digno de nota final, a localização das 7 Igrejas usada como figura por João (Ásia) tem o intrigante significado – do acádio 'asu' (suba).

Subamos, pois, pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo em santidade e esperança!