O homem acima do sol - Ec6

O homem debaixo do sol é o homem que foi privado da luz divina pela sombra do pecado, só lhe restando então a iluminação da natureza. Por mais que ele se esforce, alcança somente – isto quando alcança! – a necessidade óbvia de um Criador inteligente e poderoso, e que o apóstolo Paulo mais a frente ensinaria.

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem indesculpáveis” (Rm 1.20).

Mas reconhecer um Deus Onipotente e Onisciente é uma coisa – outra é alcançar, desenvolver e manter uma intimidade contínua com Ele através de Sua graça livre.

“O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação [ou ‘do seu chamado’], e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos...” (Ef 1.17-18).

¿O que o homem debaixo do sol – que quer provar o coração com alegria, gozar o prazer, estimular a carne com vinho, tendo por objetivo principal comer, beber e gozar do fruto do seu trabalho – poderia entender do que foi sintetizado acima por Paulo?

Salomão não foi feito para estar debaixo do sol – mas ele mesmo se colocou ali naquela baixa posição espiritual pelas suas próprias escolhas. Seus olhos se retiraram do invisível, e se permitiram flertar com o mais palpável deste mundo.

Esta também não é, nem deveria ser, a nossa posição, cristão e cristã! Falando aos seus futuros discípulos, bem como a todos os que viriam a crer em suas palavras – eu e você! – Jesus divide bem o assunto.

“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (Jo 17:14-16).

Devemos sempre relembrar que estamos neste mundo, mas não somos propriamente dele. Há uma medida apropriada para seu uso e satisfação.

“E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa” (1 Co 7.31).

A ‘âncora da nossa alma já está presa no mais interior do véu’, bem acima do sol, “onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote” (Hb 6.19-20).

A posição abaixo do sol arrasta à inclinação da carne para a morte – a posição acima dele garante a inclinação do Espírito para a vida e paz.

“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8.6-7).

Tudo o que está abaixo do sol nos ensina como que através de sombras – mas os que, intrepidamente, se posicionarem acima do sol, alcançarão o original, sem sombras ou retoques, pois “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17).

Não condenamos de forma alguma os erros e vícios de Salomão. Ele tinha suas condições, seu tempo e temperamento. Não temos autoridade e perfeição que nos permita tal julgamento.

Mas “tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Co 10.11).

Você está preparado e preparada para o fim que se aproxima veloz e terrivelmente?

Ou diz como aquele servo mau: “O meu senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios, virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 24.48-51).

“Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. Mas espero que entendereis que nós não somos reprovados” (2 Co 13.5-6).

Assim devemos viver. Assim devemos esperar. Assim devemos ser glorificados.

Com esta exortação findo este assunto e partimos para o último livro de Salomão – Cantares.