Os laços de Salomão - Ec5

Vimos de relance em nossa última análise a questão daquele filho problemático de Salomão, que, com um único lance de arrogância e falta de misericórdia, dividiria todo o reino de Israel, mantido e aumentado pelo pai, conquistado e unido com sangue pelo avô Davi.

Mas creio que o problema central deste filho arruinado pelos vícios passava pelo mesmo dilema que enfrenta todas as sociedades – um casamento forjado por interesses, tanto no plano político, cultural, social, econômico, estético...

Salomão dá um testemunho rápido e nada dócil.

“E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são redes e laços, e cujas mãos são ataduras; quem for bom diante de Deus escapará dela, mas o pecador virá a ser preso por ela. Vedes aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a outra para achar a razão delas; a qual ainda busca a minha alma, porém ainda não a achei; um homem entre mil achei eu, mas uma mulher entre todas estas não achei” (Ec 7.26-28).

Este homem entre mil talvez fosse seu próprio pai, inigualável em seu caráter e justiça. Mas entre todas as suas mulheres nada encontrou que equivalesse ao rubi que ele mesmo descreveu em seu último capítulo de Provérbios, e que já analisamos.

E olha que ele tinha material abundante para análise! – “E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração” (1 Re 11.3) – mulheres estas “estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, das nações de que o Senhor tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses” (11.1-2).

Que comunhão poderia ter este homem com tantas mulheres, se uma vida às vezes não basta para conhecermos nosso único cônjuge?...

Salomão pecou gravemente nesta área da vida, e infelizmente este erro que pareceria estar desvinculado ao seu governo, destruiu não só sua vida sentimental, mas arruinou seus filhos, o destino de sua velhice como já comentamos anteriormente, e dividiu toda uma nação.

Em qualquer época, sob qualquer circunstância, governo ou sociedade – tudo o que o homem plantar, isto ele ceifará.

Por suas palavras auto condenatórias, logo na entrada desta análise, ele sabia que não havia sido bom o suficiente, só lhe restando a prisão das redes, laços e ataduras.

Que o cristão moderno pondere bem nestas palavras relegadas a último plano, e no sofrimento amargo advindo delas.