O Profeta eterno - Dt6

Falamos da cidade eterna em nossa nota passada e agora falamos do profeta eterno. Já insinuamos ali que a sorte desta cidade e deste profeta estão intimamente ligadas.

“O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis... e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Dt 18.15,18).

Moisés, o profeta da lei, está para ser desligado de Israel, mas a garantia de um novo profeta fica eternizada aqui. O transitório partia, porque o eterno assumiria um dia seu lugar.

Parece claro insinuar também que a lei – em um tempo futuro – teria fim como intermediação entre Deus e o povo, porque em verdade só o condenava, para dar lugar a outra sorte de salvação – pela fé na graça de Deus.

Neste contexto do profeta que fala em nome do Senhor, uma advertência é levantada.

“Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá” (v. 20).

Este profeta divino que se levantaria – a voz de Deus em carne – carregava também este peso, por isto mesmo Ele assegurou em seu ministério terreno:

“Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste” (Jo 17.8).

Este profeta celeste não vai simplesmente pronunciar a lei ao povo de Israel, vai vivê-la em toda a sua essência. Cumprirá cada jota e cada til da lei, e com um diferencial sagrado – sem pecado.

Somente nEle a Lei de Deus pode ser completa no sentido mais pleno, pois é proclamada e vivida, não no céu, mas na terra, entre seus irmãos.

Moisés pronunciava a vontade do Senhor, o povo a ouvia, e logo depois a quebrava com suas fraquezas e maldades. Este profeta, por ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, podia cumprir e ao mesmo tempo se compadecer de seu povo escravizado pelo pecado.

A Lei dada no Sinai era de tal forma terrível, que se um animal tocasse o monte deveria ser apedrejado. Mas Jesus podia dizer sem restrições a uma pecadora:

“Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais” (Jo 8.11).

A Lei na boca de Moisés jamais falaria assim. Mas na boca do Profeta que estava prestes a morrer por seu povo, havia plena misericórdia e graça.

O profeta divino viveu e morreu sob a Lei, ressuscitou, assentou-se à direita de Deus, e estendeu seu perdão e justiça própria a toda a humanidade.

A graça venceu a Lei, sem no entanto rebaixá-la ou enfraquecê-la. Moisés morreu, mas o Filho permanece para sempre.

Falaremos em seguida deste Moisés que morreu, e sua ligação com a Lei que ele mesmo promulgou.