Espias - Nm4

É interessante notar como o Senhor quer antever ao povo de Israel seus inimigos que logo terão que enfrentar. Ele não esconde a realidade deles, como muitas vezes nós fazemos, como que ‘dourando a pílula’.

“Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais enviareis um homem, sendo cada um príncipe entre eles” (13.2).

Não eram homens comuns, mas príncipes. Esperaríamos de homens deste gabarito uma mesma fala, um mesmo entendimento. Mas podemos aprender daqui que mesmo príncipes também podem ser fracos na fé. Porque na verdade não se trata de nomenclatura social ou eclesiástica, mas da fé viva que nos alimenta e move.

A resposta foi desconcertante. Primeiro a parte boa.

“E contaram-lhe, e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e mel, e este é o seu fruto” (13.27).

Agora a decisão.

“Porém, os homens que com ele [Calebe] subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós” (13.31).

Confirmaram em primeiro plano que a terra era boa como o Senhor havia dito. Mas, pelas suas palavras, não poderiam subir pois, segundo suas óticas, o Senhor os havia enganado. Eram povos muito poderosos.

E realmente eram. O Senhor nunca dissera o contrário. A diferença estava não na força dos povos, mas no poder dos deuses. Aqueles serviam deuses imaginários, estes um Deus Vivo e verdadeiro. Josué e Calebe enxergaram pela fé esta verdade.

“E Josué, filho de Num, e Calebe filho de Jefoné, dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes. E falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pela qual passamos a espiar é terra muito boa. Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá nesta terra, e no-la dará; terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais” (14.6-9).

Toda a diferença está nestas 4 palavras – o Senhor é conosco!

E o Senhor, o mesmo Deus da antiguidade, é convosco?! Então nada tema, pois tudo ao nosso redor nada é perto de nosso grandioso Deus!

Mas o povo seguiu o conselho da maioria, e decidiu algo sinistro contra estes dois ‘loucos’.

“Mas toda a congregação disse que os apedrejassem” (14.10).

Resumindo a história, o povo todo foi condenado a peregrinar por aquele deserto até que todos se consumissem, exceto Josué e Calebe que sobreviveriam e tomariam posse da terra, como será confirmado no livro de Josué.

Mas o que eu quero enfatizar é que, apesar destes dois soldados divinos sobreviverem a toda uma geração e entrarem na posse da terra, contudo tiveram que suportar o mesmo castigo de toda congregação – 40 anos de peregrinação no deserto.

Israel como um todo pecou, Israel como um todo foi condenado.

Transportando este exemplo de coletividade para a Igreja, posso perguntar:

Será que ao pecarmos como cristãos individuais não prejudicamos todo o corpo de Cristo, sua Igreja?

Não embaraçamos a jornada de todo o corpo?

Não enfraquecemos todo o nosso testemunho?

Não envergonhamos todos o bom nome de nosso Salvador?

Estas são perguntas terríveis que a mim mesmo me doem. E quero que você que me lê medite nelas, pois um dia teremos todos que nos haver com Deus.

“Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17).

A seguir veremos Balaão, que se levanta contra o povo de Deus.