FELIZ NATAL

Neste Natal não vamos ter presentes.

Também não vamos beber desvairadamente, alias, nem socialmente.

O almoço será o trivial. A noite não haverá missa do galo. A ceia será especial, na noite, quando o relógio disser-me as horas, já estarei pronto. Passaremos juntos. Se puder, quero colocá-lo dentro de mim e não mais O tirarei. Vou colocar a conversa em dia, mesmo sendo noite. Quero o quarto bem escuro, luz somente a nossa. Claro, vou depender muito da vontade interior para fazer-me merecedor de tanta luz. Nesta conversa, não quero mais ninguém no pensamento. Deixarei por vários minutos meus pais, filhos e amigos, todos. Já tenho o assunto pronto.

Ou talvez...

Não. – Vou deixar que Ele fale sobre o que quiser, afinal, tantas coisas fiz, algumas com certeza na vontade de acertos, devo ter errado. Os meus irmãos aqui na cidade e nas outras por onde andei, me procuraram e me fiz de rogado, não dei atenção. Afinal nem os conhecia, aprendi não falar com desconhecidos...

Trabalhei o ano todo, suei a camisa, fui muitas vezes repreendido por pessoas a quem atendi, sem conhecê-las. Sempre fiz bem minhas obrigações. Conheço bem meus direitos. Como posso admitir pessoas estranhas me admoestando? – Vou dizer a Ele, se me perguntar pelos pequeninos que me deu, como tenho feito para ser responsável por eles, tenho pronta a resposta e Lhe direi: Senhor, primeiro preciso Lhe falar de meu marido. Implicante, bebia, quando não, sempre cheio de problemas, ficava em seu canto sem me dar atenção. Eu falava, tentava puxar conversa, nada. Ele era amoroso com as crianças, estava sempre presente, mas e eu? Não suportei ficar sozinha, mesmo tendo a ajuda dele na despesa da casa e, me separei. Não agüentava mais. Hoje Senhor, as crianças estão em uma creche, graças ao Senhor e, com muito, mas muito trabalho, mesmo ficando todos os dias longe deles, pois precisei trabalhar para sustentá-los e manter a casa. É verdade, chego cansada, morta de cansada, não tenho paciência para conversas e, pouco posso escutá-los e, são tão carentes. Mas vivemos com amor. Quero Lhe falar da vontade de acertar na vida, ter muito dinheiro para poder ajudar a tantos necessitados. Não ajudei agora porque ganho pouco e, com pouco nada posso fazer. A comida que me sobra é a duras penas. Tomara Ele me entender! Aprendi a rezar o Pai Nosso, todas as notes rezo, mas de tão cansada adormeço e, não ouço nem as crianças quando choram.

No ônibus, todos me conhecem, viajo sempre no mesmo horário, sabem da minha pouco disposição em conversar, não gosto de ouvir problemas, na maioria são problemáticos, já tenho os meus, não vou dar conta dos deles!

Se me perguntar ainda sobre “fazer ao próximo como a ti mesmo” direi da minha enorme vontade em poder ajudar, mas como posso se não tenho nem para mim mesmo?

Tomara Ele entender e, me ajudar para eu ter um pouco mais.

Noite de Natal.

As crianças dormem. O ar feliz em cada semblante. O espírito dos pequeninos, fora do corpo reencontra a família. Pais, amigos verdadeiros, parente eternos. Em prece, livres da densa matéria, pedem a Deus por seus pais encarnados.

Meia noite, uma hora, dormindo antes de terminar o Pai Nosso, com o espírito solto igualmente, corre envolta em energia escura a procura do marido, quer resolver problemas no antigo casamento. Discute, fala como se pudesse ele escutar.

No templo interior, fechado no Natal amoroso do lar, ora por seus filhos pedindo ainda paz e luz para sua amada, que com o corpo cansado, adormecida, corpo visivelmente endurecido, acha-se na condição de continuar a questionar a vontade Divina.

Noite de Natal.

Nesta noite estaremos sós.

Receberemos o Menino Jesus e, Dele ao recebermos, repartiremos igualmente entre nós, todos.

Após nossas preces extensivas, trocaremos votos de paz.

Deus esteja conosco.

Feliz Natal.

Psicografado por Hilton Marcos de Oliveira

Autor: espírito amigo.