Fonte

Quando encontrei o seu sorriso, ou seja, o mesmo que água doce, eu andava pelo deserto.

Sede inconsciente.

Encontrei na verdade o que precisava, e desconhecia.

Bebi devagar cada traço, água de mina, sem pressa.

Semelhante aquele Sr que passava toda as manhãs pela rua do meu antigo trabalho.

Barba grande e despenteada, calça caindo, cheia de graxa.

Aquela mulher que descia o trio de terra, quando eu levava meu filho para a escola: o mesmo rabo de cavalo inclinado para a esquerda, quase batendo no olho.

Um fazer diário. Sentimento e afazer que não muda com o tempo.

Conhecer você foi como assinar uma sentença, ser apresentado ao céu e ao inferno da saudade todos os dias.

Você tinha sede de multidões, chupoes no lado esquerdo do pescoço, uma taça de vinho na mão direita.

Camiseta branca amassada por mulher, mas os olhos de criança. Todo absurdo fora o que cativou-me, absurdo que bate na cara.

Absurdo chamado amor...não adiantou correr.

Mas a indesejada das gentes levou você para o Eterno.

Ah, Manu...a indesejada das gentes. ..

Passaram-se dois anos.

E assim, prossigo, até os senis dias que não quero alcançar; com a tranquilidade da calça suja de graxa e o cabelo inclinado para a esquerda.

Eu fluo. Eu sou o que sou. Eu faço simplesmente o que tem que ser feito.

Poeta de Borralho
Enviado por Poeta de Borralho em 09/12/2021
Reeditado em 09/12/2021
Código do texto: T7403457
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