Lembranças
Me lembro, quando criança eu observava lá do alto da planície, um vale verdejante, formado com arvores grandes e também arbustos pequenos e rasteiros. Nesse pedacinho de chão, havia uma grande espécie de pássaros, que cantavam com harmonia, espalhando amor e alegria, por todo aquele pedaço. Entre o cantar dos passarinhos, o que mais me encantava era o cantar do sabiá, que vibrava saudoso e triste, como se fora um queixume de alguém chorando a perda de um grande amor. Também me encantava com o luar do sertão, que bem ou mal, pelas frestas do telhado iluminava o nosso velho casarão. Há! que saudade que sinto do meu querido sertão, do canto da passarada, dos rios, cascatas e riachos, que ficaram comigo através da saudade, dentro do meu coração! Tudo isso hoje, acabou. O progresso chegou, o homem devastou as florestas, as cabanas e os casarões deram lugar a casas de alvenaria e a gigantescos prédios de cimento armado. O sertão virou cidade, o sabiá calou-se por não ter onde cantar e a natureza chora o seu triste destino.