Quando o Amor Acaba

Ela chegou na chuva, em uma tarde fria e cinzenta de outono e bateu na minha porta, já no final de mais um dia que, para mim, tinha sido atribulado e cheio de preocupações. Abri a porta e lá estava ela, uma mulher de cabelos longos e loiros, que realçava a silhueta de uma criatura linda, elegante. Trazia, porém, no rosto, a marca do cansaço e do sofrimento.

Dei-lhe abrigo, tratamento generoso e, após um banho quentinho e troca daquela roupa molhada, no aconchego da minha sala conversamos muito. Num desabafo, compartilhamos nossas estórias de vida.

Assim, no silêncio daquela madrugada, sem medo, sem ciúmes e cheios de paixão, envolvemo-nos em um amor profundo, arrebatador, pleno. Que mulher maravilhosa, fez-me sentir nas nuvens. Jamais havia sentido uma sensação assim. A partir daí, na minha vida tudo mudou e passamos a viver um para o outro.

No brilho dos olhos azuis dela, pude ver a luz dos meus caminhos, da minha prosperidade e do meu amor. No nosso relacionamento encontrei a paz e passei a ver as coisas ao meu redor de maneira diferente. Nessa felicidade vivemos por algum tempo, naquela casinha humilde, lá no alto da serra, toda rodeada de árvores, plantas, flores e pássaros que cantavam na alvorada e ao entardecer, cúmplices da nossa felicidade.

Mas como tudo nesse mundo acaba, um dia nosso amor também acabou, a felicidade chegou ao fim. Olhando para os meus olhos cansados da noite mal dormida, desabafou: querido, acabou, é o fim, não dá mais. Envolvi-me com outra pessoa, jovem como eu. Percebi, agora, que o amo e com ele quero ficar. Neu coração lhe é grato por tudo que me fez, mas o nosso relacionamento acaba aqui. Com certeza, você encontrará a felicidade com outra, como me aconteceu.

Naquele momento, o mundo desabou em mim. Senti a terra abrir-se aos meus pés e afundei num grande abismo.

Ouvi o buzinar de um carro, ela entrou no quarto, pegou a mala, beijou-me no rosto e saiu. Acompanhei-a até o portão da rua, lá estava o carro. Gentilmente abri a porta do carro e ela se acomodou ao lado de um jovem rapaz. Entristecido, com lágrimas rolando pelo meu rosto machucado pela idade e pelo sofrimento, percebi que a juventude vence sempre e o passado nada mais é do que um sentimento que acaba num estalar de dedos.

Finalmente, o jovem deu partida e sairam. Ela se foi e eu fiquei; é o que acontece quando o amor acaba. Perdi os objetivos, a direção. Sou, agora, um barco a deriva no mar da vida, a procura de um porto seguro. Desejo que eles sejam felizes!

Nino Paiva
Enviado por Nino Paiva em 17/05/2015
Reeditado em 19/05/2015
Código do texto: T5245201
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