Um fio cada vez mais fino

Em seu ultimo momento aqui na terra, enquanto segurava minha mão e contemplava meus olhos minha mãe disse-me: Estou com medo desta “jornada”. Disse-lhe: A vida inteira a senhora se dedicou a aliviar o sofrimento das pessoas, indiferente a um mundo que a julgava e condenava. Lembro-me da tua firmeza ao não desistir daqueles que todos julgavam irremediavelmente perdidos, quase todos tiveram suas vidas reestruturadas a partir dos impulsos que destes. Creia que receberá neste momento a mesma ajuda que destes. Sorrindo ela ficou sorrindo ela partiu. No enterro (formalidade social) enquanto meus irmãos se descabelavam (remorso por tê-la abandonado na velhice) permaneci calmo e sereno. Depois de sua jornada encontrei-me ainda várias vezes com ela em diversas situações devido a minha facilidade de desdobramento (e olha que ela nunca acreditou que eu podia ver “espíritos”).

Hoje passados doze meses ainda nos encontramos, porém à medida que ela passa pelas outras “mortes”, o “fio” que nos une está cada vez mais fino e longo. Tenho saudades, mas sei que ela está sendo amparada. O amor é um elo fortíssimo, que quebra barreiras e "barreiras".