Flores de madrugada

Vem de novo, vem!

Ou será que depois daquele instante só eu tive vontade de colher flores de madrugada; vontade de chapinhar poças de chuva, de subir nas goiabeiras do caminho e sonhar na varanda até que o dia raiasse?

Ah! vem de novo, vem!

Pode ter sido uma simples coincidência, mas nunca mais a brisa soprou do mesmo jeito. Nunca mais a goteira tamborilou aquele ritmo e as nuvens nunca mais ganharam a mesma formação: por isso é que se dispersaram as ovelhas no céu e até mesmo as estrelas ficaram tristes e poucas.

Vem de novo, vem!

Se era pra me deixar ansioso... ah! sou todo ansiedade! E nem me importo com a dor, com a insônia, com as promessas que fiz. Quando doía, prometi resistir; mas não sou eu quem decide, não! Na luta entre mim e o amor, o amor venceu.

Se era pra me deixar triste... ah! sou todo tristeza! Agora chega. Não está vendo a dança das nuvens neste crepúsculo? Pois é... Isso é prenúncio de que a noite vai repetir aquele instante. Vê se completa o enredo.

Vem de novo, vem!

Pode bem acontecer que alguém me perceba e, numa das tantas esquinas, outra coincidência me ajude a virar de vez essa página.

Então vem! Ou será que depois daquele instante só eu tive vontade de colher flores de madrugada; vontade de chapinhar poças de chuva, de subir nas goiabeiras do caminho e sonhar na varanda até que o dia raiasse?