PERDOA-ME SE FOR CAPAZ

Se perder na estrada da memória emotiva, tem um preço. Éramos jovens e inocentes guardando emoções perdidas entre folhas do nosso caderno de matérias. Uma lembrança boba para momentos tão belos que nasceram através de um simples olhar e se perdeu ao dar as costas para ternura.

Seguimos percursos diferentes, alternativos, complicados e quando me dei conta da desilusão no meu amanhecer já não estavas mais lá... A certeza da perda era inevitável.

Em frente e avante, porque o mundo dá voltas e quem sabe em uma dessas esquinas de olhares perdidos eu poderia encontrar meu olhar esquecido, doce e apaixonado. Sabor de fel, a Verdade dos nossos passos falsos em um mundo obscuro. Entreguei-me a loucura humana mesmo sabendo que só os malucos sobrevivem a uma demência social incurável. Em braços me deitei, me deleitei e sonhei os piores sonhos, em bocas de salivas frias me embriaguei igual a um bêbado sem rumo. Alcovas foram minha moradia e dia a dia tentava em vão encontrar a estrada de ouro e voltar ao ninho de carinho quente e afável. Orgasmos platônicos me fizeram algoz da minha carne e do meu espírito e cada olhar de amor entre pessoas estranhas era minha sentença de morte, caminhei, caminhei, até que...

Um dia sem querer cabisbaixo riscando o vazio do mundo encontrei você, muito mais bela, a mesma felicidade de outrora, o brilho radiante do olhar sadio e puro, cai na perplexidade e a bússola do verdadeiro amor trouxe-me de volta aos teus braços. No entanto nossas vidas mundanas, perdão, minha vida mundana era a grande diferença entre nós agora e como provar que ainda te amava como antes após tantas atrocidades cometidas? Não perdi tempo te coloquei nos braços e nos beijamos. Doce e adorável beijo reencontrado no acaso do destino, meus olhos ficaram rasos d´água. Todavia os seres humanos não vivem de sonhos e mentiras e a verdade deu-nos uma surra e o medo da perda afligiu-me o peito. Você falou que não poderíamos mais nos ver que outra vida estava em jogo, um jogo que perdi quando te deixei é óbvio. Mas o guerreiro que me tornei não abandona a luta antes de fincar a espada no próprio peito e prometemos nos ver outras vezes.

Covarde mais uma vez tive medo da solidão e entreguei-me novamente em braços estranhos, o vício do amor falso é o pior de todos. Soubeste do intento e a fúria alimentou sua alma, desculpas pedi e negastes, ajoelhei-me ao teus pés e humilhado fui pela tua raiva, clamei misericórdia porque já não tenho mais idade jovem viril para tanto sofrimento e teu olhar não fitava outro lugar senão o infinito da incerteza.

Sai do teu caminho mais uma vez, comecei a convalescer no estábulo da pobreza espiritual, as dores da alma era pior do que as dores da carne, me sentia imundo nas palavras fora de ordem e a música que nos uniu um dia era agora a canção de nossa despedida. Quando você soube de notícias minhas, largou o rancor e benevolente correu ao meu encontro mas já era tarde e não tínhamos tempo para o abraço, o carinho e o único beijo que sentia era da morte próxima da minha alma. Tuas lágrimas expurgava minhas máculas e sentindo-me mais leve pude abrir a boca e dizer as últimas palavras: - Me perdoa se for capaz e segura minha mão para que eu não venha ter medo da nova jornada... Te amo!!!

Fernando Matos

Poeta Pernambucano

Fernando Matos
Enviado por Fernando Matos em 01/05/2013
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