O AMOR CEGO

O AMOR CEGO

Eu não acredito no amor...

...no amor cego!

O amor, quando cego, ou seja, quando não respeita a individualidade do Outro, não cria reciprocidade; cria o sentido de ‘poder’, de posse sobre o ser amado.

Na verdade, este tipo de sentimento nem mesmo poderia ser entendido como amor, pois não humaniza, escraviza! Atassalha! Dilacera! É cárcere da alma. Prisão do espírito.

Todo sentimento que não dá ao Outro o sentido de liberdade, não é Amor. Quem ama, promove o crescimento do ser amado: capacita-o a realizar seus sonhos e a desenvolver suas potencialidades. Quer vê-lo pleno de felicidade e realizado.

O amor cego aprisiona o ‘Eu’ e desqualifica o ser amado. É como se ao ouvirmos o canto matinal de um pássaro, colocássemos um alçapão na janela para aprisioná-lo, julgando que, preso em nossa gaiola o estaríamos protegendo das intempéries da natureza. O amor cego suprimi a liberdade! Erradica a personalidade! Deturpa o ser! É simbiose disfarçada de reciprocidade. É mentira, com cara de verdade. É a noite escura do Ser!

O Amor cego, por tornar-nos egoístas, faz com que não percebamos a pessoa amada como pessoa humana: torna-a objeto, detrito, dejeto!

O Amor puro e verdadeiro é dádiva que liberta, é alma livre que penetra o Outro e nele se realiza, realizando-o. O Amor verdadeiro é gratuito, é gratuidade, é plenitude e verdade, concretude, totalidade!

O Amor cego é cisão. É corte. É prisão. É morte. É o não ser da caridade!