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NEU* e o UMBRAL político
No UMBRAL político
No Brasil é possível delinqüir dentro da lei...
Antes um esclarecimento, “Umbral” é expressão encontrada na obra "Nosso Lar", de autoria do Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier. http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.19.htmhttp://www.institutoandreluiz.org/nosso_lar_resumos.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Nosso_Lar O livro narra os primeiros momentos, após a morte, do médico André Luiz. Sobre o “post-mortem” escrevemos, Metodologia Científica, Espiritismo e NEU-RJ, que alguns até que gostariam de, no laboratório, pegar um espírito na ponta de uma pinça ou observá-lo num microscópio com contraste de fase. O endereço é “Artigos” do Núcleo Espírita Universitário do Rio de Janeiro http://www.geocities.com/neurj/neurj.htm Na espiritualidade André Luiz percebeu que foi “suicida inconsciente”, o que não é coisa de criança http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.14.htm. Em 1984 vários alunos desejavam “fazer pesquisa”. Hoje estão entre professores universitários que reproduzem a lição recebida. Dividíamos o tempo entre cursos de graduação, pós-graduação, orientação de teses, funções administrativas, executivas, reuniões, contatos, viagens, atividades mil. No entanto, o maior problema era conseguir “verba para pesquisa”. Com certo “desgosto”, escrevemos, em agosto daquele ano, o artigo “Com o Pires na Mão”, no JP, Jornal do Professor, já extinto. Agora, meu filho, docente-pesquisador na mesma universidade, diz que está com o pires na mão, mas alguns vivem politicamente no luxo. A Doutrina Espírita poderia contribuir para desenvolver o comportamento ético na universidade, mas Kardec é um grande desconhecido até para os “espíritas”. O Espiritismo é um farol, mas o espírita é apenas o discípulo que tateia nas sombras de sua própria ignorância e que luta para se desfazer do orgulho e do egoísmo. Nesta hora estamos espantados com os fatos. “Podia ser pior”. Melhor ser vítima do que agressor! Dia, 27 de fevereiro o jornalista Augusto Nunes disse “que Timothy Mulholland, http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=413953 reitor da Universidade de Brasília, desperdiça dinheiro público como quem chupa um Chica-Bon. Para passear no carrão chapa-branca novinho em folha, gastou R$ 72 mil. Para tornar mais refinado o apartamento funcional onde vivia, torrou R$ 470 mil.” “A gastança do reitor foi bancada pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos, entidade de fomento à pesquisa vinculada à UnB. Desviado por comparsas homiziados na diretoria, acabou nas mãos de Mulholland um dinheiro originalmente destinado ao financiamento de trabalhos científicos. Pagou quase R$ 3 mil por três lixeiras. Investiu R$ 859 num único saca-rolhas. O mais caro do sistema educacional planetário.” O Brasil possui várias e antigas universidades. A produção do conhecimento é cantada, em prosa e verso, mas na prática não se encontra quase nada. Num livro de Yvonne Pereira, soubemos do critério utilizado para admissão numa Universidade da Alma. Ali, a relação professor-aluno é logo de início uma atitude de transparência. Narra um dos calouros que o professor lhes participou que a primeira aula seria uma “apresentação de sua personalidade”. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/universidade-da-alma.html Nunes disse que se Darcy Ribeiro estivesse vivo se sentiria afrontado pela presença de Mulholland no gabinete que ocupou. A “ação afirmativa” é necessária no ensino superior. Olhando com outro enfoque, devemos proteger os universitários que demonstram maior potencial para o ensino e pesquisa. Estes podem iniciar sua "corrida laboratorial", em condições desvantajosas, numa universidade eventualmente agredida por um governo inábil ou populista. Alunos e professores, mesmo na adversidade, conseguem produzir conhecimento e seus artigos são aceitos em revistas de bom impacto. O que não fariam em outras condições? Imaginem se todas as verbas desviadas para “lixeiras e saca-rolhas” fossem colocadas nos diversos pires do território nacional. Se tivesse que esmolar, também seria pífia a produção científica de um professor universitário que viesse de um país desenvolvido para trabalhar numa universidade brasileira. No Brasil da corrupção o pobre professor universitário "caixeiro viajante" é um poli-traumatizado. A função da universidade exige a superação de um saber anterior, na negação de um saber passado para a construção do novo. A pesquisa científica é que move esse processo de superação. A influência da pesquisa na renovação do ensino não se realiza apenas pela atividade estrita de pesquisa, mas também pelo clima de indagação e efervescência intelectual gerado por ela. Nos países em desenvolvimento a socialização para a pesquisa ocorre tardiamente, isto porque a ciência não é um valor nesta sociedade, o cientista não goza do prestígio social que lhe é conferido nos países onde o desenvolvimento da pesquisa científica é parte fundamental de um projeto global. Na Olimpíada Laboratorial, o docente-pesquisador brasileiro compete com os ricos atletas dos países desenvolvidos. Governos devem estimular as pequenas ilhas de competência. A Doutrina Espírita também poderia contribuir para desenvolver o comportamento ético na universidade. Vamos nos entristecer assistindo a ressurreição do caso Palocci. Villas-Bôas Corrêa diz que “a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), contra o ex-ministro e atual deputado federal Antonio Palocci remexe na ferida gangrenada que resiste a todas as curas do esquecimento e cutuca na inevitável rememoração da seqüência de denúncias. Inútil especular sobre o desfecho da longa e detalhada denúncia do procurador-geral“. http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2008/02/27/pais20080227016.html O governo federal está se gabando de ter criado inúmeras universidades federais. Ofereceremos cursos de valor cultural sem pesquisa por quanto tempo? É bom não esquecer que as atividades de pesquisa desenvolvidas por professores não são percebidas por eles apenas como o cumprimento de um preceito de lei. Causa perplexidade a passividade da comunidade acadêmica. Ex-ministro da Educação, ex-reitor da UnB, Buarque criticou o pecado e absolveu o pecador. Como nasce um reitor? Lista tríplice elaborada pelo Conselho Universitário, sufrágio universal ou comissão constituída por intelectuais externos à universidade? Imagine-se numa universidade espírita. Vamos encontrar espiritualidade, transparência e consciência? No umbral político, com Villas-Bôas Corrêa lembremos do “aborrecimento causado pelo ministro do Trabalho (Lupi), que insiste em acumular a pasta com a presidência do PDT. O episódio provocou até a demissão do presidente da Comissão Ética da República. O novo presidente que chegou enviou ao ministro Lupi, que se apresenta como espírita, nova intimação para que, no prazo de 10 dias, justifique os R$ 50 milhões com que beneficiou ONGs ligadas à Força Sindical e ao PDT.” No caso do saca-rolha, “os diretores envolvidos na pilantragem foram afastados pelo Ministério Público do Distrito Federal e darão explicações à Justiça. Mas, o Brasil é a pátria da impunidade, onde é possível delinqüir dentro da lei?” Estamos no umbral político-religioso, Chegamos à conclusão após assistir o “Observatório da Imprensa” transmitido terça-feira - dia 26 de fevereiro - pela TV Brasil http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=474JDB013 No programa que discutiu a avalanche de ações onde ficou submersa a jornalista Elvira Lobato, repórter especial da Folha de São Paulo, algumas frases são reveladoras: litigância de má-fé; manipulação do judiciário; abalo psicológico pelo pânico, com matérias ameaçadoras. Das “provocações” feitas por Alberto Dines, ficou claro que a associação “império econômico - controle parcial da mídia - fascinação religiosa” pode fazer mal à saúde da democracia. Há perigo quando observamos a mistura “partido político - religião - meios de comunicação”. No umbral político é necessário jejum e oração. Orar e vigiar, a si próprio, porque num planeta de provas e expiações como o nosso é difícil, mas não impossível, ser ético até na oposição. (LUIZ CARLOS FORMIGA) |
LUIZ CARLOS D. FORMIGA é professor universitário da UFRJ e UERJ, aposentado. |