OI CACÁ


 
 
Oi Cacá! No Fantástico eu só peguei o pedacinho em que ele fala aquela frase. Não vi se teve entrevista, que pena! É que eu detesto o Fantástico e o Faustão. Então passo e já vou clicando o controle p/ não ver o que não quero.

Agora eu estou apaixonada pelo Amyr Klink, como tenho sido apaixonada pelo Van Gogh, tipo almas irmãs. Entendo tudo que eles falam.

Estou lendo CEM DIAS ENTRE  CÉU E MAR  
e estou totalmente encantada e envolvida com cada página. Ele fala e a gente acompanha no lugar do acontecimento, presente como se o agora fosse. É absorvente e até exaustivo, pois  vejo as cores tão vivas, e as baleias posso até tocar, e nadar no meio do azul e dos dourados ávidos comendo a aderência viva do fundo do casco do barco. Nunca li um livro assim. E nem sei nadar
.
Você vê o que um autor desta qualidade pode fazer!Creio que é a sintonia e identidade que faz este milagre. Leio maravilhada e, chega um ponto que tenho que parar p/ apagar num sono de descanso.

Ele conversa com a onda! Ele confraterniza c/ os peixes dourados que o acompanham em toda a viagem. Ele remonta ao tempo dos navegadores de Portugal quando vieram descobrir o Brasil, e compreende as aflições deles nas situações reais no meio do Atlântico e, de certo modo e em poucas palavras ele reconstitui a viagem feita naquele tempo, quase como reescrevendo a História do Brasil.

Brinca e ama as gaivotas.

 
Ele acordou c/ um enorme tubarão encostado no seu barco e se assustou: chegou perto e viu que o bicho estava ali só p/ pegar os dourados e peixes voadores; viu o olhão do bicho em paz só querendo o alimento. Podia até matá-lo. Mas ele refletiu que ele era um ser vivo como ele, na sua missão de viver. E respeitou a vida do companheiro e o deixou viver em paz. "Passei a conviver suportavelmente com os seus humores"
 
Ele fala assim: "Mas a onda, ofendida, retrucou e levei outro banho". E mais:
"perdido em divagações metafísicas, delirando ante a força do espaço infinito? Nunca! Penso que jamais estive tão próximo da realidade, tão envolvido com o dia-a-dia"
"A imensidão do mar tornava minúsculos os meus maiores problemas e gigantes as menores alegrias"

// Me espanto que eu não tenha lido este livro na minha adolescência. Na verdade na minha vida tudo foi por acaso. Nunca procurei o que eu queria, e nem sabia se eu queria. As coisas foram sempre acontecendo, dentro da minha coerência. Ninguém entende a gente, nem, filhos. Só um cara como Amyr ou Van Gogh para nossas mãos.
 
Cacá, que bom que vc o viu falando: que presente!
 
Um abraço da Maria Luiza