LEIA, LEIA E VIVA MAIS!

Nadir Silveira Dias

Quem estuda mais, vence mais ou em maior grandeza ou volume ou quantidade. Ganha mais e é mais respeitado, pelos seus e pelos outros.

Senão por respeito, por reconhecimento, ao menos por temor ao poder, pois quem sabe mais, pode mais.

Foi sempre assim na história dos tempos, na história de todas as eras. É e será sempre assim!

E a tal atitude antes referida? É a mesma que eu já presenciara no lançamento de um livro no Memorial do Rio Grande do Sul, na 49ª Feira do Livro de Porto Alegre, no mês de novembro de 2003.

Ao sair, fui ao banheiro e, no lixo, zero, zero, zerinho, o Jornal Comunitário há pouco distribuído. Eu o recolhi, pois não existia na cesta de lixo nada além dele. Fiquei espantado, pois a distribuição era gratuita e ninguém era obrigado a aceitar o jornal. E se o apanhou, tinha o dever de ler ou de devolver se não quisesse ficar com ele ou caso tivesse se arrependido de tê-lo apanhado.

Claro que fiquei sem saber se o autor era pessoa jovem ou menos jovem, ou velha mesmo, na idéia, no ideário, na concepção de vida, no posicionamento existencial perante o mundo, perante a sua própria cultura, perante si mesmo.

Desta feita não, quase infelizmente. Desta feita não restei com qualquer dúvida.Tratava-se uma pessoa jovem. De um jovem contemporâneo que está apto, ou deve estar apto, para prestar o vestibular e, se tiver lido bastante, conquistar a vaga que outro que leu menos não conseguirá.

Nesta oportunidade, no entanto, não consegui salvar o jornal de cultura alternativa, custeada pelos próprios autores das matérias publicadas. Dentre eles, Marcolino Candeias e Álamo de Oliveira, poetas do Arquipélago dos Açores, dentre inúmeras outras matérias de autores brasileiros e locais.

Até o retirei do lixo, sem alarde, sem qualquer fala, para que ninguém percebesse, no intuito de fazer uma nova distribuição a quem se interessasse. Mas minha mão tocou algo molhado. Então olhei. O jornal estava ao menos cuspido, o que me obrigou a devolvê-lo à origem que um jovem ou uma jovem há pouco o destinara, em outra caixa de lixo, aos olhos da professora.

Não posso deixar de registrar o meu pesar pelo protagonista, pela personagem (ambas as palavras enquanto substantivos masculinos e femininos).

Sinceramente, queria-o, jovem, queria-a, jovem, em outro pedestal, em outra estampa, em outra vinheta, em outro padrão, em outra etiqueta, em outro jeito vivencial, em outro modo de vida, pois o futuro não perdoa os atos falhos nossos de cada dia.

Amanhã, seremos nós mesmos. Seremos apenas o somatório que conseguirmos granjear, em atos, atitudes, pensamentos e ações!

Escritor e Jurista – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 07/05/2006
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