Querido professor
Argentino Madeira, tutor da língua portuguesa e do latim. Mentor de tantos quantos se deixaram ter esse privilégio de sorte. Lembrei de ti agora, querido professor, nesse momento onde ainda, tento aprender a ler e escrever. Ah, que saudade dos quase diários castigos, convidado a me retirar da classe, encaminhado aos seus cuidados de obrigar gentilmente a conjugar os verbos...E era só isso, conjugar os verbos, que naturalmente, vão buscar os substantivos e os adjetivos ora unidos pelos advérbios e preposições, ora tão ricos dispensando estes pequenos anéis. Fugi cedo da escola, mestre, me desculpe. Pior foi a tua fuga, para sempre e irreparável. Preciso acreditar no infinito de tudo e da alma, preciso ter fé para acreditar em reencontros impossíveis...porque eu era apenas uma criança, enquanto generosamente me educava e não percebia o tesouro que me dizia e eu não lhe falei da importância que me teve e a tantos e quão quero te agradecer. Preciso dessa fé, preciso desse reencontro pra matar a saudade e pagar essa dívida que necessita mais de uma vida.