Desta vez é para valer e não mais um ensaio

Quantas vezes ensaiei uma despedida desta casa tão querida e de seus habitantes não menos queridos, que a modéstia me impede de enaltecer tuas imensuráveis qualidades. Reportando, sempre fiquei no ensaio. Mas enfim eis que chega o momento, aquele crucial, onde você entre o sim e o não tem que optar pelo sim, mesmo que isso lhe fere profundamente o coração. E olhe que o coração de um sessentão já não pulsa mais como o de um jovem mancebo ostentando lá os seus vinte e poucos anos.

Mas a grande verdade disso tudo tem um outro grande sentido, a compra da coragem para expressar o que realmente esse coração está sinceramente querendo dizer, nesse pequeno arremedo de discurso ao adeus àqueles que vão ainda militar nas fileiras desta Corte por mais alguns gloriosos anos. Disse certa vez em minha escrivaninha,em um site onde publico meus singelos pensamentos, que não sei escrever mas que meus rabiscos, apesar de pobres, têm sentimentos, pois saem não só do pensamento mas também do coração e são sinceros. E se alguém um dia por acaso quiser conhecer meus pequenos trabalhos, faça-me uma visita o endereço é: recantodasletras.com.br e o meu pseudônimo, ChangCheng. Não riam, mas é isso mesmo. É chegada a hora. É chegada a minha hora de agradecer a todos que conheci e que não conheci, mas que de alguma forma contribuíram, e muito, para a minha formação profissional e porque não dizer social. Sim social sim, pois lembro bem de quando aqui cheguei matuto de tudo e hoje posso dizer que sei até cumprimentar alguém sem que esse alguém me rechace dizendo: "- Que cara grosso".

Fiz este parágrafo, vejam como já estou até falando bonito? Desculpem é que meus olhos molharam as teclas e também não conseguia mais enxergar o teclado e tive que dar uma pausa. Voltarei mais tarde.

Retornei, agora mais calmo já posso realmente dizer a que vim. Fevereiro de 1984, tomava posse nesta Egrégia Corte, como Auxiliar Operacional de Serviços Diversos, tendo como Chefe o Sr. Gilberto Baião detentor de um coração enorme, onde permaneci por aproximadamente um ano. Promovido a Atendente Judiciário, fui fazer parte da turma que compunha o quadro de funcionários da 6ª Junta de Conciliação e Julgamento de Brasília, tendo como Chefe imediata a Dra.Therezinha e como titular o então Juiz Dr. Braz Henriques de Oliveira, sem contar com os demais que vou citar apenas alguns nomes, pois senão me enforcariam se esquecesse deles: Luluca, Ronei, Paulo Sousa, Luis Fernando Blanco, Mário Caron... hoje Desembargador Mário Caron, Benígna, Dina, Lenimar, Dra. Zenaide Pacheco e muitos outros, lá permaneci até a criação de novas Juntas e então o Dr. Braz assumindo a presidência da 13ª Junta, convidou alguns funcionários a segui-lo dentre eles eu, que aceitando, trabalhei com novos companheiros que também sinto na obrigação de citar alguns nomes: Rômulo, Ronei, Luluca, Dr. Elcio Mendes, Cacá, Geisa e outros, ou seja, era quase um repeteco da 6ª. Na 13ª militei até 1992, com a promoção do Dr. Braz para a 2ª Instância, onde mais uma vez convidado a acompanhá-lo de pronto e aceitando de lá só saí com a sua aposentadoria.

Quinze anos se passaram, Cristina Zamith que o diga, quantos contratempos, às vezes rusgas feias mesmos, mas que logo falava mais alto o que de mais puro existe em um coração, o amor de irmão, e aí era só alegria e prazer em trabalhar cada vez mais, tentando progredir junto com a Casa que crescia e parecia nos convidar a crescer junto. Alí, Dr. Elcio Mendes, Cacá, Cláudia, Pelé, Alexandre, Jairo, Cristine, Ronney e Heverardo ... que time... não era o Vasco, mas era bem parecido! Falando em futebol, não poderia de deixar de falar dos campeonatos promovidos pela ASDR, onde conheci mais baiões dentre eles o folclórico Antonio Baião, o Toninho que todos conhecem e que eu jamais poderia também deixar de agradecer por tudo o que fez por mim.

Sinto ter que dar mais uma pausa, esses meus olhos, por mais que eu os enxugue, teimam em continuar molhando o teclado... que coisa feia...

Agora, o já então Desembargador Braz Henriques de Oliveira aposentou e só me restou fazer as malas e partir, para onde ir se passei vinte e cinco anos na sua cola? Terá alguém em algum lugar capaz de me aceitar sobre sua guarda por apenas um ou dois anos? Essa era em minha mente uma pergunta sem resposta, até que conheci o Lula, acreditem, eu conheci o Lula e ele com a concordância da Dra. Silva Mariózi, resolveram apostar na minha velhice.

Confesso que estranhei muito no começo tudo, pois estava mal acostumado, também quinze anos ao lado das mesmas pessoas causa-nos vícios, mas o tempo é o tempo... e ele se encarrega sempre de encaixar peças em qualquer quebra-cabeças. Aqui tive o prazer de conhecer pessoas diferentes, mais nem por isso menos admiráveis. Como faz pouco tempo de convivência ainda não tenho uma opinião formada a respeito de cada um, por isso não quero me arriscar e acabar por ofender, apenas dizer que são todos dotados de uma alegria contagiante!

Bem, mas eu não poderia por exemplo deixar de alfinetar a Lú que não perde uma chance de me provocar, o Marcelo (outro que não larga do meu pé), a Célia sempre sorridente ostentando suas jóias raras, e o Lula né gente, quem vê aquela cara amarrada não conhece o coração que bate naquele peito... tá sempre dizendo: " - Pode contar comigo hein?!", Moema, Ana Flávia, Katiane, Carlos, Cida, Alessandro, Veruska e os estagiários.

Sem contar o Dr. Carlos Augusto, com suas notáveis aulas ... E olhe que ele não cobra nada!

Não sei se recordam, mas no início eu disse que entrei aqui matuto, mais que isso, me sentindo um diamante bruto apenas lavado, hoje já me sinto um diamante lapidado e os responsáveis foram os primeiros citados nesse relato choroso ,mais sincero, a quem muito tenho o que agradecer, como se agradecer apenas pagasse alguma coisa... mas é o que posso fazer no momento. A estes ourives de mãos abençoadas eu destaco um Chefe, não desmerecendo os demais, mas que ele teve um papel fundamental na minha formação profissional . Ah! Isso teve... formação moral e porque não dizer, social. Desembargador Braz Henriques de Oliveira, se sou hoje alguma coisa, parte dessa culpa é sua! Obrigado.

Eu disse que estava lapidado, quem conhece diamante sabe que não basta lapidar é preciso polir e isso ficou a cargo da Dijuc, onde agora estou recebendo os ajustes finais e, de onde espero sair senão brilhando, com o coração sem manchas profundas. Antes da despedida derradeira quero agradecer uma pessoa que não faz parte da família do TRT da 10ª Região, mas se não fosse por ela talvez aqui eu nem teria entrado, seu nome, MARLENI, mulher, esposa, mãe, companheira e acima de tudo, aquela que sempre esteve à minha frente iluminando o caminho, para que se eu tropeçasse e caísse estendesse a mão em apoio, para que eu me levantasse o mais rápido possível. À você ,meu bem, não um simples obrigado, mas um eterno beijo de agradecimento. Além de tudo isso, ainda me presenteou com quatro lindos rebentos a quem nós batizamos de, Carina, Amanda, Fernando e Renato os quais costumo chamar de pedras preciosas que já vieram lapidadas e que só tive a incumbência de polir.

Se aqui nesta Corte eu deixar alguém com saudades, é porque lá fora há um alguém com saudades a minha espera.

Jamais gostei de adeus, portanto vou dizer o que sempre digo, obrigado a todos vocês e um até breve.

Lázaro Ribeiro.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 04/02/2012
Reeditado em 26/02/2014
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