Manifesto do Agora

Não! Não é fascismo nem libertinagem! É apenas a história humana seguindo seu processo evolutivo natural. É um processo porque a humanidade está sempre em movimento, estamos sempre aprendendo algo novo, sempre descobrindo uma nova técnica, um novo jeito, e sempre surgindo uma necessidade diferente à medida que os dias passam. É evolutivo porque, observando a linha do tempo de nossa história, percebemos que nossa raça desde seus primórdios vem se aprimorando. Os custos dessa evolução, foram e são por vezes altíssimos. Mas é simplesmente inegável o quanto somos privilegiados por esses avanços. E é natural porque é impossível ficarmos estáticos socialmente tendo o grau elevado de consciência e racionalidade que temos e que nos diferencia dos demais animais.

Como dito anteriormente, as necessidades mudam, devido vivermos sob um dinâmico processo evolutivo. Por anos a fio, a maior necessidade da humanidade foi organizar seu modo de produção de uma forma que lhe permitisse desenvolver seu potencial ao máximo. A custo de muito sangue, e sob políticas e leis duríssimas e altamente restritivas, a humanidade estabeleceu-se na terra e até no espaço. Para isso foi seguido uma estrutura, um padrão bastante rígido e inflexível, que por muito tempo ‘imperou’ sem muitas ameaças. Falamos daquele modo de ser que muitos hoje consideram como ‘quadrado’, ultrapassado. Falamos do modo patriarcado e burguês de ser.

Mas, como tudo na vida segue alguma espécie de padrão, desde as décadas de 60 em diante, é possível perceber os ventos da mudança. Por anos a fio a humanidade se submeteu à dominação intensa do jeito de ser do patriarcado burguês. Por anos a fio a humanidade vende-se ou foi violentamente arrebatada de suas vontades. A propósito de um bem maior, ou a pretexto disso, a humanidade por anos se submeteu à um pacto social que em troca de lhe fornecer suprimentos e segurança, aprisionou lhe a mente, o coração, as mãos e os pés. Só não aprisionou a alma, o desejo nato por emancipação. E é esta a necessidade que vemos “borbulhar” com mais intensidade nos dias atuais. Por isso, não, não é libertinagem. Se antes era a era da liberdade do capital, se era tudo em nome dele, agora é a hora da liberdade do ser e estar. É a necessidade de se “por” ao mundo da forma como julgamos ser, e não mais da forma como ditam que sejamos.

Desta feita, vimos surgir mundo a fora, diversos conflitos, levantes, manifestações. Uma nova demanda surgiu e a estrutura política, social e cultural que ainda persiste em ‘imperar’ não atende nem suporta as novas exigências feitas por esse novo aspecto da evolução humana. É preciso uma nova reorganização de todas as instituições sociais, legais, políticas e culturais que permitem e sustentam a vida na terra. É preciso um novo arranjo musical para esta sinfonia, pois o que ainda ouvimos tornou-se obsoleto e vai perdendo suas fronteiras à velocidade da luz.

Por isso, também não é fascismo, é apenas medo. Medo e estranheza por tudo àquilo que por séculos a fio foram ensinados a reprimir ao pretexto de um bem maior. Medo, porque por séculos a fio detinham sob seu controle as mentes e os corações, e assim mantinham seus postos privilegiados. Agora veem essa onda que insiste em naufragá-los impiedosamente e desesperam-se. Mas, como o rigor da história mostra, quando a humanidade se predispõe a algo, quando ela se inclina una à um propósito, nada lhe obsta o caminho. E podemos ouvir e ver claramente, ao redor do mundo, um coro e uma coreografia que ensejam intensamente um novo tom e uma nova forma.

Cabe a nós, indivíduos, nos prepararmos e nos adaptarmos a este novo canto e dança. Cabe aos nossos governantes, políticos e economistas reavaliarem todas as instituições e legislações vigentes para que estas sejam capazes de dar sustentação e arquitetura às novas demandas que vem surgindo.

Ou nos adaptamos e reorganizamos nossos limites, ou seremos varridos para a margem da história, e outra geração será a protagonista desta grande revolução que reconfigurará a história humana.