Fruto - Diálogos do Alimento

Convido todas e todos a assistirem os vídeos disponibilizados no Youtube do evento Seminário Fruto:

Organizado pelo chef Alex Atala e pelo produtor cultural Felipe Ribenboim, em parceria com o Instituto ATÁ, o seminário FRUTO reunirá 30 personalidades dos ramos da sustentabilidade, ciência, gastronomia e representantes da indústria para debater estratégias e alternativas sobre como levar alimento de qualidade a uma população mundial que pode chegar a 8,6 bilhões de pessoas em 2030, de acordo com a ONU.

Entre os principais eixos temáticos (10 sementes) que norteiam a discussão:

A HUMANIDADE ESTÁ NUMA ENCRUZILHADA ALIMENTAR: Nos próximos 40 anos, precisaremos produzir a mesma quantidade de comida que

produzimos nos últimos oito milênios. Será preciso alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050, com uma expansão da classe média na África e na Ásia que dobrará o consumo de alimentos per capita. Tudo isso num mundo onde 815 milhões de pessoas passam fome hoje e 1,5 bilhão estão hipernutridas.

O SISTEMA ATUAL DE PRODUÇÃO ESTÁ MATANDO O PLANETA: A agropecuária hoje é a atividade humana com maior impacto sobre o globo. Usamos os recursos naturais equivalentes a uma Terra e meia, o que significa um saque a descoberto nos recursos naturais. Cerca de 70% da conversão de habitats e da perda de biodiversidade se devem à produção de comida. No Brasil, já perdemos 20% da Amazônia, 50% do Cerrado e 93% da Mata Atlântica. E a pressão sobre os ecossistemas terrestres e marinhos é crescente.

OS DESAFIOS NÃO TÊM PRECEDENTES E SÃO DE MÚLTIPLAS ORDENS: Nas próximas décadas, precisaremos produzir mais comida usando menos recursos. Isso é especialmente desafiador num mundo em que o sistema de produção e distribuição de alimentos está concentrado na mão de poucas corporações e segue a lógica da finança global e não de alimentar a humanidade.

A MUDANÇA DO CLIMA TORNA ESSE QUADRO AINDA MAIS DRAMÁTICO: O aquecimento global vem reduzindo áreas de cultivo ao redor do mundo a uma velocidade maior do que os modelos previam. O número de solos degradados pode dobrar até o final do século, e entre as áreas mais vulneráveis estão aquelas onde vivem os agricultores mais pobres, como a África subsaariana e o Nordeste do Brasil.

AS SOLUÇÕES TAMBÉM SÃO MÚLTIPLAS: Não há uma receita única para superar o desafio de alimentar bem a humanidade. Parte da resposta

está na ciência, com o desenvolvimento da agricultura vertical, adaptada às cidades; com a engenharia genética e outras tecnologias agrícolas, para aumentar a resistência das cultivares à mudança do clima e ampliar a eficiência da fotossíntese. Mas parte da resposta também está em técnicas como a agricultura sintrópica, que não usa insumos químicos

e a produção orgânica.

O PRODUTOR DE ALIMENTOS É ALIADO, NÃO VILÃO: Pescadores de arrasto não matam tubarões e golfinhos porque querem, e sim por falta de oportunidade de fazer diferente. Um quarto dos agricultores causa metade do impacto ambiental não por maldade, mas por falta de recursos. Essa parcela dos produtores precisa ser objeto de políticas de aumento de eficiência e de qualidade. Devem ser engajados em novos modelos de produção, e não vilanizados.

AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS SERÃO CADA VEZ MAIS IMPORTANTES: Indígenas, quilombolas e outras populações de agricultores que

detêm conhecimento tradicional têm papel-chave na alimentação do século XXI. Como guardiões da diversidade de cultivares e da “dispensa viva” que são os ecossistemas naturais, esses povos são a principal barreira contra a erosão genética causadapela agricultura comercial, que reduz tanto a variedade de alimentos que chega à nossa mesa quanto a resiliência do próprio sistema agrícola, dominado por poucas plantas. Eles precisam ter a integridade de seus territórios garantida e seus produtos integrados a sistemas modernos de comercialização, para que possam chegar da floresta à mesa.

OS OCEANOS SÃO A PRÓXIMA FRONTEIRA: O aumento projetado na demanda por proteína animal é de 80% até 2050. O pescado pode ajudar a suprir grande parte dessa demanda adicional a uma fração dos custos e dos impactos ambientais. Mas será preciso desenvolver mais a aquicultura, já que o pescado selvagem não consegue mais suprir

o mercado, e mudar radicalmente a maneira como se pesca: 80% das populações estão esgotadas ou superexplotadas e 40% de tudo o que se extrai do mar é captura acidental (“bycatch”).

É PRECISO FORTALECER A ALIMENTAÇÃO LOCAL: A cultura começa a ser vista como vantagem comparativa, e a gastronomia é um braço fundamental dessa nova economia. A revolução gastronômica e turística do Peru mostra como países cultural e gastronomicamente diversos,

como o Brasil, podem transformar esse ativo em vantagem competitiva – gerando receita, “soft power” e, ao mesmo tempo, protegendo os camponeses e a diversidade de alimentos locais.

E RECONECTAR A POPULAÇÃO URBANA COM O CAMPO E A FLORESTA: Experiências como as florestas de bolso de São Paulo e as hortas urbanas de Los Angeles ajudam a mostrar que a fronteira entre o consumidor e o produtor de alimentos pode ser móvel. Mais do que isso, num mundo onde 65% da população vive em cidades, é fundamental religar as pessoas com a maneira como se produz comida e com a origem do alimento, os ecossistemas naturais.

Visite a página do evento: http://fru.to/

Vídeos do Seminário Fruto - Diálogos do Alimento: https://www.youtube.com/channel/UCiR8h7U-XXITbimgqrbh6cg/videos

Fonte: http://fru.to/files/10sementes.pdf

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 02/03/2018
Reeditado em 02/03/2018
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