Fora da janela

O dia lá fora está lindo: céu azul, luz solar, horizonte limpo. O que será, então, de nós, que nos encontramos aqui dentro? Deixamos nossas cortinas recolhidas nos satisfazendo com a visão que temos do lado de lá através do vidro da janela, ou ousamos abrir a porta e sentir a brisa e a luz que estão fora?

É fato que dias chuvosos nos levam para dentro, mas e o hoje? Infelizmente nos acostumamos com o estar entre as paredes, com as mesmas paredes, com o embaçado da lente. Afinal, é mais confortável.

O estar fora nos incomoda, e nos incomoda porque nos impele a viver o mundo real e a deixar que o mundo nos conheça. E é aí que reside a grande questão: quem somos nós? Será que há luz no final do túnel? E a angústia do que pode vir depois nos consome, nos imobiliza.

Esse pseudo mito da caverna contemporâneo é realidade entre nós, e para vivê-lo parece que é preciso ultrapassar o limite de nossas casas e compreender como somos. Não somos dados estatísticos, não somos máscaras, não somos personagens. Cada um de nós carrega consigo os elementos únicos que nos caracterizam e fazem dessa existência algo maior: vida.

Nesse sentido, temos sim que olhar para além de nossas janelas. Mas enquanto estivermos dentro de nossas casas, precisamos, antes, descobrir como somos, de modo que a porta que separa o mundo de nossas residências seja uma ponte para esses dias de céu azul, de horizonte limpo e de luz, e não um muro. Dessa forma, além de existir, nós viveremos. Afinal, o dia lá fora está lindo...

Raul Santos
Enviado por Raul Santos em 28/08/2017
Código do texto: T6097033
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