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O Ridículo é amigo da Soberba
 
Todo mundo deseja ser alguma coisa, projetando uma imagem de si mesmo no futuro que lhe serve como guia e incentivo, por exemplo, na escolha de uma carreira; e isto é natural, pois se assim não fosse, ninguém sonharia ou procuraria realizar os seus sonhos. Acredito que, no mundo real, há um espaço reservado para cada pessoa que sonha, desde que o sonhador mantenha-se dentro das proporções daquilo que é alcançável, possível de se realizar baseado em seus talentos , história e possibilidades naturais. Não compro a falácia de que “Todos os seus sonhos se realizarão se você tiver pensamento positivo.” É demagógica e egocêntrica demais. Quem não nasceu com talento para a música, jamais se tornará um compositor, cantor ou pianista de sucesso, mesmo que domine todas as técnicas, pois faltar-lhe há a alma necessária – o dom natural. Sem o dom natural, a arte não existe. O que existe, é um triste arremedo cuja estrutura não passa de pilastras feitas de ego e uma visão distorcida de si mesmo.



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Tenho os dois pés no chão quanto aos meus supostos talentos. Sei muito bem que meus escritos não passam de uma forma de distração para mim mesma e para quem me lê, e que estou bem longe de chegar às pontas das sandálias dos grandes nomes da literatura. Se escrevo, é mais por necessidade pessoal e distração – escrever, para mim, é um hobby - do que por qualquer outra coisa, e se alguém aprecia o que escrevo, talvez seja também pela mesma necessidade: encontrou alguém que diga o que ele (a) está sentindo ou sentiu-se a respeito de alguma situação naquele momento ou em algum outro momento de sua vida. Ou seja: pura coincidência. Duas almas que, por mero acaso, encontraram-se à mesma hora no espaço-tempo e se identificaram. Talvez, se uma delas tivesse chegado com dez minutos de atraso, o que eu escrevi nada significaria para aquele meu leitor.
Sendo assim, não entendo, até hoje, por que motivo algumas pessoas acham-se no direito de me encherem a paciência através de e-mails onde afirmam, baseadas em algum tipo de doença mental ou ego extremamente inflado, que eu me baseio no que elas escrevem a fim de escrever meus pobres textos. Fico pensando: será que, afinal de contas, eu escrevo tão bem assim a ponto de despertar a cobiça de tanta gente medíocre que tenta ter seus minutinhos de fama às minhas custas? E olhem, eu não desejo ser famosa, não é este o meu objetivo! Se recebi convites para participar de livros e antologias e blogs; se venci concursos literários não apenas em minha cidade mas também na internet, e se recebi prêmios literários, nada fiz para provocar estes acontecimentos, a não ser escrever. Jamais participei de conchavos a fim de conseguir meu lugar ao sol. Nunca implorei, pedi votos, enchi a paciência de ninguém com e-mails insistentes para irem a tal e tal espaço a fim de votarem em mim, e nem publico coisas em páginas alheias no Facebook – nem critico quem o faça, apenas afirmo que eu não o faço e nunca farei.



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 Não há demagogias ou ‘panelinhas’ nos prêmios ou convites que recebi. Nunca entrei ‘pela janela’ ou ‘pela porta dos fundos’ em lugar algum, pois só entro quando eu sou convidada e só fico onde me sinto bem vinda. Até o presente momento, apenas publiquei um livro de poemas com uma tiragem pequena de apenas cem exemplares, e outros cinco livros virtuais de poemas, contos e crônicas por minha própria conta, que quase não me renderam o suficiente nem mesmo para comprar passagens de ida e volta para Jacarepaguá.
Mesmo assim, tem gente que se incomoda tanto comigo a fim de vasculhar a minha vida, inventar coisas baseadas em conclusões doentias do que lê nos meus textos ou do que alguém falou, e passa a maior parte de seus dias me aporrinhando com e-mails idiotas e textinhos idiotas com o meu nome. Será que é carma?


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Para mim, tais pessoas nunca se olharam no espelho de verdade, e estão tão habituadas a usar máscaras que lhes dão uma aparência tão distorcida delas mesmas, que já nem sabem quem realmente são.  Fingem tanto ser o que não são, por uma necessidade doentia de reconhecimento e fama, que já perderam totalmente o senso de realidade delas mesmas – ou seja, caíram no ridículo e nem perceberam. E este é o extremo do ridículo: quando o sujeito não mais consegue enxergar a si mesmo, e pensa encontrar-se nos píncaros dos píncaros do sucesso, sem perceber o que todo mundo já sabe, ou seja, que não é nada, nunca foi nada, nunca será nada.

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Aliás, absolutamente nada é o que somos – não importa se alguém é famoso ou rico, pobre ou anônimo, o fim é o mesmo para todos: morrer, apodrecer e depois virar poeira no vento. E quando chegar a minha vez de virar poeira, se houver alguma coisa me esperando do outro lado, a minha menor e última preocupação será olhar sobre meu ombro, para essa terra de ninguém que eu, alegremente, deixarei para trás, a fim de saber se fiquei famosa ou não, se me admiram ou não, se fui esquecida ou não.

Mas enquanto eu estiver aqui, falarei contra essa gente mesquinha, pequena, fingida, egocêntrica, doente e ridícula que me enche o saco. Porque existe um limite para tudo, principalmente, para a paciência com gente maluca que acha que eu sou psiquiatra.

Vade retro
!






 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 01/09/2014
Reeditado em 01/09/2014
Código do texto: T4945642
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